Organizar para trazer alegria
Se você ainda não ouviu falar no método KonMari, provavelmente está fora das redes sociais e da Netflix por algum tempo. Nada contra o seu período detox, mas permita que eu atrapalhe seu sossego apresentando algo que está enlouquecendo as pessoas: a organização da casa. Responsabilidades, deveres, lugares adequados e formas de armazenagem estão na lista das coisas para colocar na mesa e tudo isso fica escondido em um processo realmente interior.
Você conhece a Mari Kondo? A japonesa que ensina técnicas de arrumação ganhou sua série na Netflix no fim de 2018 e bagunçou a cabeça de muitos brasileiros. Nova guru da organização doméstica tem mais de 2 milhões de cópias vendidas da obra A Mágica da Arrumação e é uma das 100 pessoas mais influentes do mundo segundo a Time.
Seu método gira em torno da gratidão e dos sentimentos adquiridos pelos objetos que temos em nosso lar. Pode parecer estranho usar a emoção para decidir o que manter e o que descartar, mas ao despertar os sentimentos você passa a liberar o gatilho para algumas questões um pouco mais profundas e adormecida dentro de si. Por isso, o primeiro passo é organizar por categorias e não por cômodos, iniciando pelas roupas.
Na série, Mari explica que é preciso fazer uma grande pilha de roupas sobre a cama para ver tudo o que tem guardado e, principalmente para se surpreender com o tamanho da pilha. Ao fazer isso, não raro você encontrar peças com etiqueta ou que nunca usou e pode começar a questionar o seu consumo. A estratégia está longe de ser nova, mas é uma daquelas coisas que precisam ser lembradas periodicamente.
Ao pegar cada roupa nas mãos, você deve se questionar: isso me traz alegria? A ideia central é se cercar daquilo que te faz feliz e eliminar o que não possui significado para que as energias possam fluir melhor. Mas é obvio que essa regra de alegria não entra em pauta quando falamos de uniformes escolares ou de trabalho. Apesar disso, talvez você possa começar a se questionar se é feliz (ou se seus filhos são felizes) naquele ambiente, porque essa análise começa a se estender para vários âmbitos e nossa mente voa.
Depois de separar o que vai para o lixo, o que vai para a doação (roupas rasgadas, manchadas, furadas ou com defeitos impossíveis de consertar ou disfarçar não devem ir para a doação, ok?) e o que vai continuar na sua vida é hora de guardar. Aqui é o momento de aplicar um verdadeiro 5S.
Você precisa eliminar tudo que não seja útil para a sua vida no momento. Isso vale para tudo, seja roupas, utensílios domésticos, maquiagens, perfumes, fotos duplicadas, etc. Mas, alto lá, não adianta apenas jogar fora ou encaminhar para a adoção. Segundo Mari, você precisa agradecer as peças pelo uso que fez antes de jogá-las fora, ou seja, praticar a gratidão.
Depois de se livrar do que não te faz mais feliz, é preciso organizar tudo de volta. Marie ensina, na série e nas redes sociais, uma forma de dobrar roupas para que ocupem menos lugar no armário, mas a dica principal é deixar tudo sempre à vista para facilitar na hora de usar. Ao organizar de forma eficaz, tudo passa a ter um lugar adequado e a casa que poderia parecer pequena para todas as suas coisas, pode se tornar um tanto grande.
Seu método não tem nada de novo, basta lembrar de sua mãe te dizendo para arrumar o quarto ou da sua mãe te dizendo para arrumar o quarto ou da sua professora orientando a arrumar a mochila ou o caderno, ou ainda da clássica frase: lugar organizado, estudo organizado. Está tudo na sua memória, mas só vai se dar conta disso quando for morar sozinho ou quando tive filhos e de deparar com pilhas de brinquedos espalhados pelo chão. Então talvez você ouça as mesmas respostas que deu aos seus pais ou cuidadores quando era jovem e perceba como o trabalho doméstico é infinito.
E é justamente por ser infinito que não pode colocar barreiras sobre o processo criativo. Existem mulheres que não conseguem produzir nada ou se dedicar a um hobby enquanto a casa não estiver organizada porque compreendem (pois foram ensinadas assim) que esta é sua obrigação. Acontece que, como nunca termina, elas nunca têm tempo. Nas poucas vezes que se permitem praticar algo que gostam se sentem culpadas por deixar outras coisas para trás. Marie pode não saber ou pode não ter este tipo de intenção com o seu método, mas se a partir dele mais famílias conseguem ter tempo livre e cabeça leve para se ocupar com outros assuntos, então podemos considerar uma vitória.
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