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Público-alvo


Como está a agenda? Tem espaço para mais quatro reuniões essa semana? Tem como você separar um tempinho só para bater um papo na cozinha? Se a resposta for não, talvez seja preciso rever sua programação. Uma agenda muito atarefada nem sempre é sinônimo de que você está fazendo a coisa certa – talvez essa seja exatamente a coisa errada.

Foi-se o tempo em que ser workaholic era visto com bons olhos e a prova disso é que essa palavra sumiu do vocabulário do brasileiro comum. Depois veio o empreendedorismo para glamourizar o trabalho no terceiro turno, num home office decorado com as melhores tendências do Pinterest, com a promessa daquele complemento de renda transvestido de “trabalhe com o que você ama”.

Entretanto é claro que não nos cabe demonizar o trabalho pelo simples fato de que este é o elo mais fraco da corrente. É ele quem precisa vender docinho no intervalo do almoço para complementar renda. É ela quem precisa faxinar outras residências para aproveitar o tempo em que está parada. São eles e ela que fazem outros trabalhos como terceirizados à noite, depois que as crianças dormem ou da meia noite às seis. Eles somos nós: os trabalhadores que também são público-alvo, que também são mercado, que também são estatísticas.

Em conjunto com os trabalhadores existem homens e mulheres. Pessoas. Seres humanos com direitos, deveres, dificuldades, necessidades e potencialidades. São pessoas que encostam a cabeça no travesseiro todas as noites e tentam descansar. E tentam levar uma vida mais leve e menos breve. Nós só existimos em conjunto. Existimos fora da agenda. E por isso resistimos. Superamos. Sobrevivemos.


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