Sinatra a voz do século XX - Bolinha Antonio Carlos Pereira
Em um estúdio modesto de Nova York, o candidato a cantar pergunta ao bandleader Frank Mane: “Posso cantar?” Diante do microfone rudimentar, o rapaz de 25 anos cantou “Our Love”, arranjo popular baseado na melodia “Romeu e Julieta”, de Tchaikovsky. A primeira das gravações que fariam de Frank Sinatra ser reconhecido como o maior cantor popular da história se deu em 18 de março de 1939. Uma ano depois daquele primeiro disco, segundo seu biógrafo Anthony Summers, Sinatra revelou sobre como via o próprio futuro: “Eu vou ser o melhor cantor do mundo, o melhor cantor que já existiu”.
Francesco e Rosa, seus avós, emigraram da Itália para os Estados Unidos levando o filho Antonino Martino Sinatra, um siciliano encrenqueiro, que em 1913, no dia dos namorados, convenceu a jovem genovesa Natalina “Dolly” Garaventa a fugir de casa para casarem. Em 12 de dezembro de 1915 nasceu seu único filho, Francis Albert Sinatra.
Nancy Barbato e Frank Sinatra começaram a namorar na adolescência, casaram em 1939 em uma igreja de sua terra natal, Hoboken (Nova Jersey), e como presente de casamento ele dedicou a ela aquela mesma música, “Our Love”, ou “Nosso Amor”. O casal teve três filhos: em 1940 Nancy Sandra; em 1944 Frank Jr. e em 1948 Christina.
O pai deles ganhou fama e fortuna nos contratos com gravadoras e estúdios cinematográficos. Mas seus casos extraconjugais fizerem o casamento terminar em 1951, e Sinatra casou outras três vezes (Ava Gardner, Mia Farrow, Barbara Marx).
Sinatra considerava sua voz um instrumento e desenvolveu um balanço especial. Com rara habilidade cria uma longa e fluente linha musical sem pausas para respirar, projeta a voz com dicção clara, domina a respiração para alongar as notas, faz os versos se comunicarem com a melodia. Interpretou baladas românticas, gravando clássicos já conhecidos e criando outros: Night and Day, Strangers in the Night, Something Stuped (em dueto com a filha, Nancy). E deixou um legado para todas as gerações, My Way (Minha Maneira). E New York New York, com um arranjo que influenciou “Emoções” do Roberto Carlos.
Atores e cantores queriam o privilégio de sua companhia, e ele os atendeu. Ganhou o Oscar de ator coadjuvante, ao contracenar com Burt Lancaster e Deborah Kerr em “Um Passo Para a Eternidade” (1953); atuou com Louis Armstrong, Grace Kelly e Bing Crosby em “High-Society” (1956). Em 1993 e 1994 recebeu duas dúzias de convidados para DUETOS, seus últimos dois discos: Barbra Streisand, Julio Iglesias, Steve Wonder e Tom Jobim, com quem já gravara dois LPs na década de 1960, dando projeção mundial ao Maestro Soberano e sua Garota de Ipanema.
Fez um show histórico no Brasil, entrando para o livro Guiness dos Recordes ao cantar para 170 mil pessoas, em 26 de janeiro de 1980, no estádio do Maracanã. Considerado um dos mais populares e influentes artistas musicais do século XX, um dos maiores recordistas de vendas de todos os tempos, com mais de 150 milhões de discos vendidos, THE VOICE, como era conhecido, ficou eternizado com suas gravações, e deixou de ser moderno para ser eterno.
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