Quando delegar é uma cilada
Você já delegou uma tarefa a algum colaborador e ficou frustrado com o resultado? É claro que sim! Mas você sabe o motivo da sua frustração? Provavelmente você culpou a outra pessoa por não ter compreendido o que era necessário, ou então limitou-se a pensar que o outro era incompetente. Por mais difícil que pareça acreditar a culpa pode ser sua.
A título de teoria, delegar é uma coisa e delegar com eficácia é outra coisa. Você pode achar que essa diferenciação é mais uma invenção jornalística para dar ideia aos consultores que, por sua vez, irão te oferecer uma solução para que suas delegações passem a ser eficazes daqui para a frente. Entretanto, nada muda o fato de que temos problemas com a delegação de tarefas e muito disso está ligado ao nosso mindset – ou à nossa mente que insiste em nos sabotar.
Delegar é um verbo transitivo direto que se refere à realização de uma transmissão ou concessão de algo, normalmente algum poder. Para delegar com eficácia é preciso que a liderança tenha, em primeiro lugar, a clareza do que vai pedir, ou do que compreende a tarefa. Este é o ponto que mais abre margem para dúvida, pois sem que haja uma definição clara do que precisa ser feito pode ser que a tarefa não seja aliada de forma como foi pensada. É sempre bom trabalhar na boa e velha empatia e se colocar no lugar no outro para refletir: será que a tarefa é compreensível e pode ser realizada da forma como eu gostaria apenas com as informações que eu passei? E um adendo ainda é necessário para esclarecer que “a forma como eu gostaria” não significa “a forma como eu faria”, pois pessoas diferentes agem e pensam de formas diferentes.
Antes de delegar alguma tarefa, considere se a pessoa que o receberá o desafio está realmente apta para fazê-lo. Ela poderá dar conta? O aprendizado que ela terá com essa experiência vai acrescentar o que na vida e desenvolvimento profissional? Sem fazer esse tipo de análise, corremos o risco de escolher quem está disponível e não quem está mais preparado para a atividade, ainda podendo desmotivar a pessoa e nos frustrarmos com o resultado. Quem executará a tarefa deverá saber exatamente que recursos e limites tem disponíveis para que as margens de erro sejam menores.
FUNCIONOU LÁ. VAI FUNCIONAR AQUI?
Primeiramente vale dizer, que se você não confia no caráter de alguém, qual sentido faz ter essa pessoa no seu time? Confiar no potencial dos seus colaboradores, na sua capacidade de realizar algo e superar os desafios cotidianos implica em uma liderança consciente das potencialidades de cada um para delegar a tarefa certa, para a pessoa certa, no tempo certo para obter o resultado de qualidade no prazo desejado. Todos crescem quando esse processo é feito com consciência.
Ocorre que, por trás da confiança, lá no interior do nosso cérebro, existe algo ainda mais determinante e profundo: a mente. A insegurança, a falta de confiança, a preocupação e a frustração atingem quem delega sem autoconhecimento de tal forma que a pessoa sequer vai identificar a sua origem. Sem ideia de onde vem, como será possível mudar para delegar efetivamente? Delegar, portanto, diz muito mais sobre quem passa o trabalho do que quem faz. Quem diria.
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