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Uma carreira que acelerou - Fábio Zardo


Do almoxarifado à empresa própria. Essa foi a jornada que Fábio Zardo enfrentou dos 14 anos em diante, quando começou a trabalhar na oficina da família e, posteriormente, criou a Fama Pneus, em Caçador. Depois de muitos cursos e experiências, o que Fábio descobriu é que o aprendizado nunca termina. Em entrevista à Êxito, o empresário dividiu detalhes sobre sua trajetória.

 

Êxito: Como a Fama Pneus começou?

Fábio: Posso dizer que a paixão pelo ramo automotivo acompanha minha família por gerações. Meus avós, tanto paternos quanto maternos, trabalhavam com funilaria e mecânica de automóveis. Desde meados de 1970, meu avô materno Olivo Lusa já trabalhava com funilaria e implantou uma concessionária de veículos Dodge, marca que passou a distribuir todas as caminhonetes fabricadas pela Chrysler. Até essa década, a Dodge tinha uma marca separada para caminhonetes, chamada de Fargo Trucks, cujo mercado era principalmente fora dos EUA. Então quando meu avô abriu a concessionária, as caminhonetes eram todas da marca Dodge e o negócio durou até 1981, quando a oficina se tornou uma oficina de caminhões Volkswagen. Minha família investiu no ramo de mecânica pesada (caminhões) e se destacou até 2004, quando meu pai, Dejair Zardo, vendeu a oficina. Eu tinha certeza de que não deveria atuar em outro ramo, pois resolver problemas em automóveis leves ou pesados é uma das minhas paixões. Também sabia que esse ramo tinha um futuro promissor, pois os investimentos em transporte e logística não seriam reduzidos - pelo contrário, eles teriam que aumentar cada vez mais. Foi então que criei a Fama Pneus.

 

Êxito: Então você montou a empresa sozinho?

Fábio: Em partes. Era março de 2005, nós tínhamos vendido a oficina recentemente e eu peguei um auxílio financeiro com meu pai para criar a Fama e trazer algumas novidades que eu sabia que a população de Caçador e região gostaria de ter e conhecer. A ajuda que recebi foi exatamente o necessário para comprar um pequeno estoque e o maquinário para começar o trabalho. A Fama Pneus começou em Caçador com o diferencial de trazer a marca BS Colway, pneus remoldados que eram uma grande novidade na época. No início, trabalhávamos em três pessoas, sendo eu, meu pai e mais um funcionário, vendendo apenas pneus remolde e alguns jogos de rodas. Cerca de um ano e meio depois é que começamos a trazer pneus novos.

 

Êxito: Que dificuldades acompanharam esse início?

Fábio: No começo tive bastante dificuldades, pois o capital que tinha, que era emprestado, foi completamente investido. Tive grandes problemas de liquidez, afinal, nem todo cliente tem condições de pagar à vista, precisei pegar algumas linhas de crédito e fiquei bem descapitalizado. Tinha toda aquela dificuldade que toda loja enfrenta no início para atrair o cliente para seu estabelecimento e depois para fidelizá-lo. Por mais que eu contasse com uma certa tradição de família, a clientela já não era a mesma que meu avô atendia.

 

Êxito: Como você fez para vencer esse período difícil?

Fábio: Todo empreendedor sabe que o começo será difícil e essa dificuldade não se resume a dois ou três anos. A dificuldade se estende tranquilamente pelos primeiros seis a sete anos de vida da empresa, pois nesse tempo você, como empreendedor, busca alternativas, tenta, erra e não percebe, corrige, volta atrás, repensa, e enquanto faz tudo isso também trabalha e atrai clientes, fideliza e busca soluções. No desenrolar desse tempo, eu busquei abrir novos caminhos, encontrar novidades. Foi assim que em 2010 comecei a oferecer serviços de mecânica também.

 

Êxito: Por que oferecer esse serviço?

Fábio: Porque vi que apenas os pneus e as rodas não seriam o suficiente para manter a saúde financeira da empresa e me levar até onde eu queria alcançar. Na época, eu andava bem chateado porque tinha um bom volume de trabalho, mas o retorno financeiro não era adequado. Comecei a pensar em como agregar novas fontes de receita e nessas horas, quando você está com dúvidas sobre qual caminho seguir, a melhor coisa a fazer é lembrar das raízes. Eu entendia de mecânica! Trabalhei a vida inteira com isso, vi minha família trabalhar com isso desde que era criança, cresci no meio da mecânica trabalhando com meu pai na oficina. Então, voltar às raízes que me fizeram chegar até aquele ponto era a saída mais acertada para fugir da estagnação. Foi assim que comprei meu primeiro elevador em 2010 e a Fama Pneus finalmente começou a ter um pouco mais de capital de giro e a crescer de fato, descentralizando tarefas e contando com mais colaboradores. 

 

Êxito: Você também tem a FZ A uto Center. Como foi que ela nasceu?

Fábio: Em 2015, a Fama tinha as bandeiras Yokohama e Michelin. Eu recebi um convite da Dunlop para abrir uma loja exclusiva em Caçador, mas não quis deixar as outras marcas para trás pois eram parcerias que datavam de anos. Não podia perder a oportunidade, mas também não tinha capital para investir tão cedo. Tive que dar um jeito (um popular peitaço) para conseguir fazer acontecer no prazo que a Dunlop me pediu e essa foi a segunda loja credenciada Dunlop no Sul do Brasil. Atualmente, com cinco anos, a FZ Auto Center trabalha com a bandeira Goodyear e a Dunlop passou para a Fama.

 

Êxito: O que faz o sucesso do trabalho em equipe?

Fábio: Entender que cada pessoa têm habilidades diferentes e delegar funções de acordo com as aptidões e com as necessidades da empresa. O sucesso de uma equipe depende muito da liderança, que deve ser empática e capaz de se adaptar às mudanças da sociedade. Vou te contar uma experiência bem pessoal. Eu era uma pessoa que não abria mão de saber de tudo sobre a loja, até que em 2018 fui diagnosticado com um linfoma que me obrigou a fazer seis meses de tratamento. As sessões de quimioterapia já foram bem difíceis, além disso, eu viajava todos os meses para fazer o tratamento e muitas vezes ficava internado por algum período. Isso aconteceu na mesma época da construção do barracão da Fama Pneus. Eu, que era aquela pessoa que precisava ter controle e que acreditava que não tinha tempo para mais nada, passei quase 21 dias afastado da loja fazendo exames para ter certeza do diagnóstico. Nesse período, a minha ansiedade aumentava! Fiquei no hospital pedindo fotos da obra para ver como estava o andamento, se já tinham descarregado os tijolos, se cada coisa já tinha sido feita, se estávamos dentro do cronograma, etc. E o que eu aprendi com esse processo todo é que eu poderia deixar as coisas nas mãos das outras pessoas.Nunca tinha feito isso. Aprendi que eu poderia confiar nos meus funcionários, mas confiar de verdade - como se a minha vida dependesse disso, porque de certa forma dependia. Na segunda sessão de quimioterapia eu estava bem debilitado e foi a minha família e a minha equipe que me manteve firme, sem perder a força e nem a fé em Deus e em Nossa Senhora Aparecida. 

 

Êxito: Que dicas você daria para quem está no início da carreira empresarial?

Fábio: Acredito que quem já tem um trabalho estável deve procurar crescer dentro da empresa onde está. Digo isso porque o mercado é muito mentiroso,pode enganar facilmente, e as oportunidades para empreender no Brasil são muito difíceis. Se a pessoa quer mesmo empreender, tem que ter bastante força de vontade, foco, não ter medo de trabalhar e saber que vai trabalhar muito para colher os frutos apenas lá no futuro. Tem que ficar ligado 24 horas por dia, 7 dias por semana e 365 dias por ano para não deixar passar qualquer oportunidade no mercado nacional e internacional, se for pertinente ao seu ramo.

 


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