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Redes sociais e a saúde mental das crianças e adolescentes


A internet dá a muitos responsáveis a sensação de que seus filhos estão em um ambiente seguro, afinal as crianças muitas vezes estão dentro de casa, no campo de visão dos pais, porém muitas vezes as redes sociais podem ser um ambiente nocivo para a autoestima e despertar algum tipo de gatilho negativo na formação destes jovens. É necessário que os pais fiquem atentos a qualquer sinal negativo para tomar as devidas providências. 

O mundo está cada vez mais conectado e, com a quarentena imposta pela pandemia, o uso de notebooks e smartphones ficou ainda mais intenso. Aproximadamente 90% dos brasileiros entre 9 e 17 anos estão nas redes sociais, de acordo com a pesquisa divulgada pela TIC Kids Online Brasil em 2020. Se isso é positivo para ampliar o acesso à informação e as aulas, especialmente durante o ensino à distância, essa adesão massiva nas redes sociais pode gerar um importante impacto na formação das crianças e adolescentes. 

Sejam adultos formados ou jovens em formação, ninguém está imune ao impacto do mundo idealizado das redes na saúde mental. A exposição intensa às redes sociais pode levar a algum nível de sofrimento psicológico. Uma análise de 2017 da Royal Society for Public Health, apontou o Instagram como a plataforma mais nociva para a saúde mental dos usuários. Uma das medidas da rede para preservar os usuários foi ocultar de maneira opcional a curtida dos usuários, para evitar a comparação. 

Aproximadamente 90% dos brasileiros entre 9 e 17 anos estão nas redes sociais

Para a maioria dos adolescentes, que já cresceram cercados pelas interações digitais, as redes podem ser ainda mais nocivas. Fotos cheias de tratamento de “influencers” que mostram na internet partes milimetricamente recortadas da sua vida faz com que adolescentes se comparem o tempo todo, podendo desencadear muitos sentimentos negativos como frustração, sensação de inferioridade, angústia e distúrbios de autoimagem. Ainda que pessoas mais velhas saibam que cada detalhe daquela vida seja pensada para ser “instagramável”, a falta de maturidade emocional de um jovem pode desencadear uma insatisfação profunda com o seu estilo de vida e com a sua aparência.

Pesquisas que relacionam o uso excessivo das redes sociais com o aumento dos sintomas de ansiedade e depressão têm aumentado cada vez mais, especialmente pelo aumento da violência digital nestes espaços. 

Recentemente um caso tomou conta dos noticiários: o suícidio do filho de 16 anos da cantora Walkyria, por conta de ataques homofóbicos em seu perfil na rede TikTok - e infelizmente esse não é um caso isolado. A análise de um estudo da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil) com base nos dados do Ministério da Saúde apontou que entre o anos de 2000 e 2015, o número do suicídio entre crianças de 10 a 14 anos aumentou 65% e entre adolescentes de 15 a 19 anos 45%. Como esses casos são, no geral, subnotificados, os números podem ser ainda maiores. 

As curtidas nas postagens podem parecer algo inofensivo, mas estudos indicam que, uma quantidade significativa de likes em postagens desencadeia no cérebro uma sensação de bem-estar e recompensa, similar a dopamina, e por isso, graças à essa “felicidade momentânea”, estar presente nas redes pode se tornar um vício, já que essa sensação alivia também os sentimentos de angústia e frustração. 

Esse ciclo de se sentir mal e buscar a aprovação das redes pode se tornar vicioso e levar ao isolamento voluntário da pessoa, fazendo com que ela se afaste de contatos reais como familiares e amigos próximos. Viver apenas o mundo digital é algo muito danoso, por isso é importante que pais ou responsáveis estejam atentos para que os jovens façam um uso sadio das redes sociais. 

O ciclo de se sentir mal e buscar aprovação nas redes pode se tornar vicioso e levar ao isolamento

Neste ano, a médica paulistana Fernanda Kenner virou notícia após apagar as redes sociais da filha que, com apenas 14 anos, tinha mais de 2 milhões de seguidores no seu perfil no TikTok. No texto que a médica explicou para os “fãs” da filha porque tinha excluído o perfil da jovem influencer ela disse que não achava saudável que adolescentes - e adultos - tenham como referência de autoconhecimento a aprovação de seguidores nas redes sociais. A médica também disse que o grande número de seguidores era ilusório e que atrapalharia a construção da individualidade da filha. 

Estimular o uso saudável das redes sociais é o papel dos pais, que além de observar o tempo gasto pelos filhos nas telas, também precisam se autoavaliar e refletir se estão fazendo o uso correto desses aparelhos eletrônicos. É importante estipular limites para o tempo gasto nas redes sociais e outros aparelhos eletrônicos e incentivar outros hobbies do seu filho, como aprender um instrumento musical ou praticar alguma modalidade esportiva. 

Fazer o desmame das redes sociais não é algo fácil, especialmente para jovens e crianças, por isso, se entender que seu filho precisa de alguma orientação psicológica não hesite em procurar ajuda. Existem muitos profissionais capacitados e que já sabem lidar com esse problema do mundo moderno. É muito importante ficar atento ao comportamento do seu filho e ser uma base de apoio para passar por esse momento delicado. 

Tais Eloy

 

 

 


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