O que não te contaram sobre o protetor solar
O verão já nos disse adeus. Embora a estiagem continue, o amanhecer ameno e as temperaturas mais baixas à noite já tem dado as caras e feito algumas mangas se esticarem sobre os braços. Conforme o outono se aproxima, também devem ser ampliados os cuidados com a pele, afinal, ela não precisa de atenção apenas no calor. E para manter a pele em dia, o hidratante e o protetor solar são os seus melhores amigos.
As mudanças de temperatura, vento ou umidade do ar impactam diretamente nas respostas da pele ao ambiente.
Durante o inverno, a produção de óleo pelas glândulas sebáceas é reduzida enquanto aumenta a evaporação de água. Some isso aos banhos quentes e pronto: você tem uma pele sem hidratação.
Para manter a pele bonita, pode-se fazer uma adaptação na rotina de skincare para impulsionar a hidratação como substituir limpadores faciais adstringentes por outros mais hidratantes, diminuir a frequência de aplicação de ativos mais fortes e até mesmo trocar o protetor solar, com preferência aos indicados para pele normal.
E já que falamos nele, vale a pena perguntar: o protetor solar vem antes ou depois do hidratante?
Ao contrário do que você pode pensar ou do que as influenciadoras mostram nas redes sociais, não precisa ter muitos produtos para cuidar bem da pele. O truque é saber a ordem certa de usar. No caso do rosto a regra é ir da textura mais leve para a mais pesada, ou seja, produtos líquidos seguidos por sérum, gel, loção cremosa e creme. Em outros termos, a ordem começa com a limpeza e termina com a proteção solar. O protetor vem sempre por último porque seu fator de proteção depende da formação de um filme na pele. Como não é absorvido, fica por último para que nada atrapalhe a proteção.
Para o rosto X Para o corpo
Não há diferença entre os produtos no quesito formulação. As mudanças são de ordem sensorial. Protetores faciais são criados para ter uma experiência sensorial menos oleosa e mais seca, enquanto os corporais tendem a ser mais oleosos e ter o aroma característico de praia.
Há quem defenda que o FPS de protetores faciais deve ser mais alto do que nos produtos corporais.
Como a pele do rosto é mais fina e sensível, constantemente exposta, e como a quantidade aplicada pelas pessoas costuma ser inferior à recomendada, indica-se um FPS mais alto, com fator de proteção 50 ou mais.
E tão importante quanto passar o protetor antes de sair de casa, é reaplicar o produto no rosto e no corpo, especialmente em áreas expostas como o colo ou os braços. Caso você esteja muito exposto ao sol (piscina, praia, etc.), a orientação é que a replicação aconteça a cada duas horas. No dia a dia, reaplicar após o almoço é o suficiente.
Fuja dos mitos
Quando o assunto é protetor solar, muitos mitos aparecem. Normalmente vem sob a forma de alguém que ouviu um amigo que tem um colega dermatologista dizer que ______ (insira aqui o seu mito preferido).
O meu mito preferido sobre o assunto é que a soma dos FPS dos protetores dão uma proteção maior. Nesta lógica, se eu usar uma base com FPS 30 e um protetor com FPS 50 terei um rosto blindado com FPS 80! A ideia é errada porque o fator de proteção solar não corresponde à porcentagem de proteção da radiação solar. O número diz respeito a quantas vezes o produto protege a sua pele. Ou seja, um protetor com FPS 15 protege 15 vezes mais do que não usar protetor. Ao usar dois produtos com FPS diferentes, a proteção será igual a do produto com maior fator de proteção. Então se a minha base tem FPS 30 e o protetor tem FPS 50, a proteção do meu rosto será igual a 50.
Além da ideia errada de que a pele negra não precisa de proteção solar pelos índices de melanina, outro mito bastante popular é aquele que defende que todos os produtos com FPS acima de 30 são iguais.
A crença vem pela falta de compreensão sobre o cálculo do FPS e por um famoso gráfico que indica variações pequenas nos níveis de proteção acima do fator 30. Mas vamos por partes. O FPS é definido a partir de um teste de radiação controlada emitida sobre a pele de uma pessoa ou protótipo de pele para observar o tempo necessário para começar a ficar vermelha, um tempo conhecido como dose eritematosa mínima. Em seguida, aplica-se o protetor solar e a pele recebe a mesma radiação para calcular o tempo entre as duas reações.
No caso de um FPS 15, a dose eritematosa mínima acontece em um espaço de tempo 15 vezes maior do que em uma pele sem proteção. Mas ao analisar a radiação filtrada por protetores com diferentes FPS, percebe-se que os produtos com fator 30 protegem em média 96% dos danos, o que levou a OMS e a Sociedade Brasileira de Dermatologia a recomendar o uso de protetores com no mínimo FPS 30. A partir dele, protetores com fator 50, 60, 70 protegem ainda mais e são indicados para casos de exposição solar mais prolongada como a prática de exercícios ao ar livre, praia ou piscina.
Para não errar, aposte em protetores com FPS 30 para o dia a dia, aplicando-o por último na sua rotina de skincare e reaplique depois do meio dia, inclusive no inverno. Já nos dias de exposição solar prolongada, utilize protetores com FPS 50 ou mais e reaplique a cada duas horas.
Proteção no frio
Os dias mais frios e nublados podem nos fazer esquecer completamente de usar o protetor solar.
O tempo encoberto nos engana porque não vemos os raios solares (e muitas vezes nem mesmo conseguimos nos aquecer com os poucos raios que estão lá fora), mas eles não só estão presentes como também ajudam a causar o envelhecimento precoce da pele.
Além disso, a luz não visível que vem das telas de computadores e celulares emite uma radiação que pode penetrar a derme.
Onde você pode errar
Confira se você usa o protetor solar da forma correta:
1- Quantidade: a quantidade correta determinada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia é uma colher de chá para o rosto ou aplicação em duas camadas;
2- Reaplicação: tão importante quanto passar a primeira vez, reaplicar o protetor impede que o filme formado pelo produto seja prejudicado;
3- Usar só na praia: a radiação é a mesma em dias de praia e em duas nublados. A exposição diária ao sol exige uso constante de protetor;
4- Esquecer das orelhas: partes como orelhas, mãos, pés, topo da testa (linha do cabelo) são áreas sensíveis que passam por muita exposição e são normalmente esquecidas;
5- Depender apenas do FPS da maquiagem: embora as maquiagens para pele já contenham FPS, não podemos confiar apenas neles pelo simples fato de que nunca usaremos tanto produto quanto o recomendado para a proteção correta da pele;
6- Validade: qual foi a última vez que você checou a validade do seu protetor? Ela é essencial para garantir a eficácia do produto!
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