De onde vem o agro, pra onde vai a tecnologia
Feitas as contas no ano que findou e os augúrios para o novo período que abriga a humanidade sobra um grande vencedor: o agronegócio! Falo do Brasil, naturalmente. Vivemos tempo de crise em vários setores e de criatividade em outros. Um dia destes revirando as redes sociais e garimpando causas para os extremos da economia deparei com um painel que, por si só, é a explicação da verdade dos novos tempos. O humorista, com rara felicidade, apresenta o Brasil enterrado num banhado, com o Sul submerso na lama, amarrado a uma corrente, presa a um trator, com um agricultor na boleia. A visão clara não deixa dúvidas: tem sido o agronegócio o setor que mais evoluiu em todos os pontos de vista nas últimas safras. A agricultura pode-se atribuir a arrancada da lama econômica pela qual, se não pisar na bola, o novo governo poderá recuperar o passo financeiro e dar ao país a oportunidade de encontrar o desenvolvimento e um futuro brilhante.
É claro, que muita coisa tem por fazer. Mas é preciso reconhecer que o grande companheiro da humanidade tem sido o homem do campo, os produtores de alimentos e os técnicos que tem dado ao agro um impulso surpreendente em todos os períodos da existência do homem no mundo. Vejamos um pouco da história desta sociedade tão permanente contada por Yuval Noah Hatari em seu livro “Sapiens” pontuando a convivência entre o “homem superior” e a arte de tirar do solo a subsistência: “durante 2,5 milhões de anos, os humanos se alimentam coletando plantas e caçando animais que viviam e procriavam sem a sua intervenção. O “homo erectus”, o homo ergaster e o Neandertalis colhiam figos silvestres e caçavam ovelhas selvagens sem decidir onde as figueiras criariam raízes, em que campinas um rebanho de ovelhas deveria pastar ou que bode inseminaria que cabra. O “Homo sapiens” espalhou-se do leste da África para o Oriente Médio, Europa e Ásia - para a Austrália e América - mas em todo o lugar que ia, como nômades, sem casa ou profissão continuava a viver coletando plantas silvestres e caçando animais selvagens.
Tudo mudou a cerca de 10 mil anos quando os sapiens dedicavam quase todo o seu tempo e esforço a manipular a vida de algumas espécies de plantas e animais. Do amanhecer ao entardecer, os humanos espalhavam semente, aguavam plantas, arrancavam ervas daninhas e condiziam ovelhas a pastos escolhidos. Este trabalho, pensavam, forneceria mais frutas, grãos e carnes. Foi uma revolução da maneira como os seres humanos viviam – a Revolução Agrícola. A transição para a agricultura ocorreu por volta de 9000 a. C. Até cerca de 3500 a.C a maioria das plantas, sementes e animais foram domesticados pelo homem. Trigo, arroz, cevada, painço, milho, batata. Nenhuma planta ou animal importante foi domesticado nos últimos 2000 mil anos. A mente do homem é dos caçador-coletores; A agricultura mudou os rumos da humanidade. Ao tornar-se gregário o sapiens atingiu o gosto pela propriedade. Inventou a cerca, as armas e a guerra. Povoou o planeta. Conheceu a fome, as raças e o ódio. Inventou a tecnologia e vai chegar à inteligência emocional. Onde estará o limite de tudo isso? O agro é Deus?
Adgar Bitterncourt ( in memorian)
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