O amor sem mistérios
Se você não vê beleza em poesia, talvez vc não goste de estar aqui. Mas se vc é o tipo de pessoa que vive se moldando em relacionamentos que não lhe fazem feliz e não consegue entender porque não dá certo em nenhum deles e não encontra uma saída e nem defeitos horríveis em você (mesmo que procure), talvez você precise estar aqui.
Os olhos fixos na parede de pedra, me fizeram olhar para ele com olhar de cuidado. Eu não estava entendendo se ele via beleza no rústico ou tristeza no natural. Olhou-me como se pudesse me ver até a alma. Eu senti-me arrepiar. Então ele sorriu. De uma maneira tão genuína, que fez as nuvens abrirem espaço para pequenos raios de sol. Que lhe tocaram a pele e lhe fizeram brilhar. Ele veio em minha direção como se fosse me falar sobre o tempo para ter sobre o que conversar. Parou ao meu lado. Segurou timidamente minha mão. E me perguntou se eu estava certa da minha decisão, sem coragem alguma de olhar em meus olhos. Quando eu disse que sim, enfrentou-me como se duvidasse da minha posição e inteligência. O repreendi com um olhar fixo, sem nada dizer. E não foi preciso. Ele corou e eu chorei. Então ele riu em tom de deboche. Em um braço tomou-me para si, como se me dissesse que tudo ficaria bem. Naquele momento eu não sabia se agradecia ou maldizia o destino por ter colocado ele na minha história. Tínhamos planos distintos e caminhos diferentes. O extremo oposto um do outro. Eu caos, ele calmaria. Juntos formávamos ondas que só perdem a força quando quebram na areia. Seus olhos fixaram-se nos meus. E ele sorriu como se não se preocupasse com o amanhã e soubesse de coisas que eu jamais imaginaria. O vi sorrir e se despedir, como se fosse me ver na manhã seguinte. Só que não foi assim que a história terminou. Até porque ela não teve fim. A continuação pode ser breve ou longa, dependendo de quem conta a história. Pela estrada senti a brisa no rosto, fazendo meus cabelos voarem. Parei em frente a parede de pedra e pude me sentir como ele. Sentindo-se como rocha que não quebra em qualquer queda, mas que quando lançada machuca. E compreendi que há beleza no que é sólido e se constrói com leveza, cuidado e aos poucos. E depois daqui deu saudade. Saudade do nosso breve nós.
Calma, respire fundo. Sei que esse pequeno texto fez com que você pensasse em alguém específico e seu coração acelerou, suas pupilas dilataram e você sentiu-se invadir por inúmeros sentimentos e lembranças.
Antes de eu começar a explicar sobre teorias filosóficas e cientificas e dar a vocês minha visão, preciso que vocês entendam que não existe um manual para ser seguido quando o assunto são paixões avassaladoras, amizades loucas e amores sem fim. A criação de cada um, o modo como ele vê as coisas e a linguagem com que ele expressa seu amor, são diferentes de pessoa para pessoa. E são elas que determinam, como o relacionamento seguirá, mas existem duas palavras que serão muito citadas neste texto e que são importantes para que qualquer relacionamento flua: Respeito e Paciência!
Ah o amor, o mais puro e complexo sentimento humano, aquele que alegra e machuca, que incentiva e que fere, que acalma e angustia, que pode ou não pode ser. Não existe uma maneira certa de explicá-lo. Ele só é genuíno quando sentido. Aquele que sentimos pela nossa família, por nossos amigos e pelas nossas almas gêmeas (é clichê, eu sei, mas quando se trata de amor, o que não é clichê?)
Esquecendo um pouco este amor fraternal e voltando ao amor romântico, vale informar que le pode ter uma importante função evolutiva na vida das pessoas, as transforma em seres mais maduros e tolerantes, seja por sofrerem uma desilusão amorosa ou estarem em uma relação e terem que aprender a conviver com o jeito que a outra pessoa enxerga o mundo.
Agora vamos a parte científica. Algumas regiões do cérebro, principalmente as relacionadas a recompensa e motivação são acionadas quando pensamos em nosso par romântico ou estamos diante dele. A ativação do hipocampo, do hipotálamo e do córtex, pode servir para inibir o comportamento defensivo, reduzindo a ansiedade e aumentando a confiança na parceira ou no parceiro. Áreas como a amígdala e o córtex frontal, são desativadas, o que faz com que se reduzam as chances de surgirem emoções negativas ou julgamentos sobre o par. O grau de ativação cerebral nas primeiras fazes de uma relação romântica influi tanto em nosso bem estar, quanto no nível de sucesso ou fracasso de uma relação.
Nossos hormônios também são intimidantes ligados ao amor. A oxitocina e a vasopressina por exemplo são hormônios, que agem em ambos os sexos, porém as mulheres são mais sensíveis a oxitocina e os homens a vasopressina. A concentração de hormônios aumenta durante as fases intensas do amor e agem sobre diversos sistemas no interior do cérebro, estando seus receptores presentes em várias regiões cerebrais relacionadas ao amor romântico. A oxitocina e a vasopressina interagem especialmente com o sistema de recompensa dopaminérgico o que pode estimular a liberação de dopamina pelo hipotálamo. As vias dopaminérgicas que são ativadas durante o amor romântico, criam uma prazerosa sensação gratificante e se relacionam também ao vício, que está totalmente ligado ao comportamento obsessivo e dependência emocional.
É necessário observarmos todos os efeitos neurológicos, psicológicos e emocionais que um amor nos causa, assim como ele causa boas sensações, quando o relacionamento encerra-se é normal as pessoas sentirem-se rejeitadas e isso causar-lhes tanta dor, que os sintomas passam a ser também físicos e não só emocionais.
Bem voltemos aos relacionamentos, a primeira coisa que tenho a lhes dizer sobre eles é: Não faça joguinhos. Eles são desconfortáveis e podem colocá-lo em inúmeras saias justas, além de fazer com que as demais pessoas coloquem sua inteligência e caráter a prova. O princípio de qualquer relacionamento é a sinceridade, para que ninguém saia magoado, exponha suas intenções, o que você espera, e o que não pode oferecer. Não tenha medo de ser julgado como trouxa. Cada um sabe da intensidade com que se envolve e está ciente do que pode ou não acontecer. Se o amor acabou, não deixe que o respeito também acabe, deixe claro e encontre com seu parceiro uma alternativa, lembre que ir embora também é um ato de amor, para consigo mesmo e para com o outro, a dor parece não se findar, mas a vida sempre segue.
O caminho para que relacionamentos sejam duradouros, é termos consciência de que cada ser humano é único. Todos nós pensamos, agimos e demonstramos amor de uma maneira diferente e muito particular, que vem embasada na nossa criação, visão de mundo e experiências anteriores.
Eu não sou o tipo de pessoa que pode dizer que teve sorte nesse setor da vida, a maioria das minhas experiências foi fracassada e por muitas vezes pensei que minha maneira de enxergar os relacionamentos e me expressar, fosse incorreta. Já que sou adepta de tudo de maneira exagerada, amar sem controle, falar tudo o que sinto, querer estar junto. Mas nesse caminho aprendi que é preciso ter paciência com as pessoas, que eu preciso dosar minha intensidade e controlar as expectativas, pois só assim as coisas fluem de maneira leve e o que era paixão ou amizade, ganha espaço para crescer e virar amor.
A pouco foi me apresentado um livro chamado: “As cinco linguagens do amor” do escritor Gary Chapman. Veja bem, assim como existem vários idiomas no mundo, no amor também é estabelecida esta linguagem, dentro de nós temos cinco linguagens do amor, porém em cada um de nós, uma delas é a mais presente. E é essa linguagem que é a responsável por nos sentirmos ou não amados, com os gestos vindo de outros. É por isso que tantos relacionamentos fracassam, porque tentamos replicar no outro a maneira com que amamos e não paramos para entender, que na maioria das vezes ele tem outra linguagem.
Vamos lá, as cinco linguagens consistem em:
Palavras de afirmação: É quando a pessoa se sente amada, quando o parceiro lhe diz palavras encorajadoras, carinhosas e gentis. Seja falando de alguma característica que você possui, como ficou bonito em uma roupa nova, quando fala de alguma habilidade que você tem, agradece algo que você faz por ele, ou incentive seus sonhos, lhe passando confiança e certezas, seja em você como ser humano, ou no relacionamento de vocês.
Qualidade de tempo: se você fica mexendo no celular quando fala com seu parceiro, ou se estão em casa juntos e ele está falando contigo e faz algo aleatório ao invés de prestar total atenção nele, provavelmente você o fará infeliz. A característica das pessoas que prezam pela qualidade de tempo nas relações, é exatamente o fato de aproveitar o tempo que tem livre com seu parceiro, seja vivendo aventuras ou fazendo nada, seja ficando um final de semana todo juntos ou apenas cinco minutos. Para essas pessoas estar juntos, dedicando o tempo um ao outro, é o que importa.
Receber presentes: As pessoas que passam essa linguagem são as que precisam da afirmação do amor em forma de presentes, principalmente aqueles que vem de maneira inesperada. Engana-se quem pensa que os presentes precisam ter um alto valor. Para essas pessoas é importante que o presente tenha um significado, seja uma viagem que ela lhe disse que queria muito fazer, ou algo relacionado a uma lembrança, algo bom que viveram juntos, você pode até fazer os presentes, que o deixará feliz.
Formas de servir: É quando o seu parceiro se sente amado, quando você faz coisas por ele, sejam tarefas de casa que ele não gosta ou não sabe fazer. Seja fazendo o jantar em um dia ruim, ajudando na declaração do imposto de renda ou consertando aquela camisa de botão que ele tanto gosta. Mas lembre-se que nesse ponto, as coisas devem ser feitas por vontade própria e não por cobrança e insistência.
Toque físico: todos nós gostamos de ser tratados com carinho, de receber mensagem, de dar um abraço e de beijar quem amamos. Mas para algumas pessoas esse é o essencial na relação, sentem-se amados, toda vez que forem acariciados de maneiras que gostem. Sentem-se felizes, quando podem morar dentro de um abraço.
Viu só como esse texto foi importante para sua compreensão do outro como ser humano nas relações amorosas? Evite fazer as coisas só da maneira que você gosta ou considere certas. Por trás de cada um existem formas diferentes de receber e dar amor. Seja mais compreensivo e paciente com as pessoas com que se relaciona e lembre-se que as expectativas que você cria com relação ao outro são responsabilidade apenas sua. Não idealize as pessoas nos modelos e moldes que você deseja. Somos todos diferentes e sobretudo humanos, por mais que uma pessoa erre contigo, isso não significa que ela não te ame, ou que não seja capaz de dar amor a outra pessoa. Seja leve e deixe que as coisas fluam normalmente, e um passo importante, lembre-se que o amor próprio sempre será essencial para entendermos que onde não há reciprocidade não dá para ficar, não cabemos em lugares que não tem espaço para crescermos e sermos felizes. Nunca brinque com sentimentos alheios, porque a lei do retorno é implacável e já nos disse uma vez, um Pequeno Príncipe: “Tu te tornar eternamente responsável por aquilo que cativas”, então eu só desejo que você seja capaz de sempre semear e espalhar amor, para que possa colhe-lo depois.
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