Se tudo der errado eu abro um bar
"Se tudo der errado eu abro um bar". Esta frase já saiu da boca de milhares de jovens ao projetar seus planos A e B (talvez até C) para o futuro. Ela se baseia na ideia de que o jovem trabalharia com aquilo que gosta, apesar de ignorar a quantidade de serviço e dor de cabeça existente do lado de lá do balcão. Mesmo assim, parece valer a pena, com alguns ajustes. Segundo o SEBRAE, o comércio varejista de bebidas cresceu mais de 80% em 2021.
Dados do SEBRAE, com base na Receita Federal, indicam que 2021 apresentou um recorde na abertura de empresas no primeiro semestre, sendo o maior crescimento visto no comércio varejista de bebidas que cresceu 84% a mais do que em 2020 entre os MEI. Embora qualquer comparação com 2020 seja complicada, não dá para fechar os olhos a um número tão significativo. Enquanto em 2020 foram formalizadas 20.778 MEIs no segmento, o mesmo período registrou a formalização de 38.289.
Por quê?
Com o fechamento de diversas atividades no ano passado, a compra de bebidas por canais digitais, aplicativos e e-commerce se tornou um novo hábito para muitos consumidores. Além disso, a valorização da criação de novos hobbies com potencial de geração de renda, somado ao estímulo para compra dos pequenos produtores, também contribuíram para a entrada de tantos empreendedores no ramo.
O setor em crescimento tem nome. Ele se chama off trade, agrupando supermercados, lojas e varejo em geral em que o consumo ocorre dentro das residências, em contraposição ao setor on trade, quando o consumo acontece dentro dos bares e restaurantes. Segundo a Associação Brasileira de Bebidas (ABRABE), o setor on trade respondia por 61% das vendas de bebidas no país antes da pandemia, e apesar da compensação que ocorre com a venda delivery, a expectativa de recuperação prevista pela associação em março é que ocorra apenas no próximo ano.
A compra de bebidas por canais digitais se tornou um novo hábito
Com mais empresas abertas, a categoria de MEI para atividade de preparação e documentos e serviços especializados de apoio cresceu em 83%, atividades de ensino não especificadas anteriormente cresceram 52,98%, superando por pouco as MEIs de treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial (52,59%). Em seguida, a fabricação de produtos de padaria e confeitaria com predominância de produção própria cresceu mais de 50%.
Outro destaque na abertura de empresas, desta vez entre as PMEs coube à corretagem na compra/venda e avaliação de imóveis, que chegou a 5.378 negócios abertos no período, em contraste com os 2.613 abertos em 2020. Segundo o SEBRAE, o varejo de bebidas e os serviços imobiliários figuram entre as atividades menos impactadas pela pandemia, com forte aquecimento, inclusive. Em partes, essa maré alta é explicada pelo perfil empreendedor que requerem e recursos que têm disponíveis.
Na lista de atividades com maior crescimento, a corretagem na compra e venda e avaliação de imóveis está na liderança com 105,82% de aumento, seguida pela atividade odontológica com 74,84%, consultoria em gestão empresarial (69,65%) e serviços de engenharia (68,16%). A construção de edifícios vivenciou uma alta de 58,28%, enquanto que o comércio varejista de materiais de construção em geral cresceu mais de 51%.
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