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     De uma festa de Natal na família à certificação como Papai Noel, o pedagogo Celso Alessandro Coito cultiva uma preparação de aproximadamente oito meses antes de vestir a característica roupa vermelha, conversar com as crianças e entregar presentes de Natal. Com 11 de experiência como Noel e 40 como Celso, sua trajetória para encantar crianças e adultos é tão envolvente quanto o Natal.

      Tudo começou com uma fantasia simples, daquelas vermelhas com alguns detalhes em pelúcia branca, que normalmente pinica, esquenta e coça. Tudo começou com uma barba de algodão e o nervosismo por representar o Papai Noel para as crianças da família.

"Na  época foi realmente só me vestir e entregar os presentes", lembra Celso, "Ninguém esperava porque já cheguei vestido como Papai Noel! Minha base foi toda a experiência que tenho pela minha formação e pelo trabalho com artes e encenações".

     Foi o suficiente para criar boas lembranças para a família e também foi o despertar de uma fagulha.

      A luz do Natal se acendeu no coração de Celso quando a encenação se concretizou. Anos após ano, o educador estudou maneiras de lidar e conversar com as pessoas. "O trabalho da pedagogia ajudou bastante no trato com as crianças, na entonação de voz, no gestual, na linguagem corporal e a entender as reações que a criança apresenta. Não basta apenas vestir a roupa do Papai Noel, a gente tem que se tornar o Noel!", explica. Depois de mais de uma década se transformando em Noel, Celso indica o desenvolvimento de uma habilidade maior para perceber as reações da criança e suas nuances.

Ele exemplifica que, quando visita alguma casa como o Noel, faz a lição de casa primeiro: uma conversa com os pais para conhecer algumas situações que a criança vivenciou no decorrer do ano, o que precisa melhorar e o que está bom. Só depois disso é que o Papai Noel está pronto para conversar com a criança, olho no olho, falando baixinho para que o momento seja mágico.

     Celso explica que não basta vestir uma roupa porque o Noel não é uma simples fantasia. "Ele é uma ideia e uma representação do amor, do carinho, da bondade, em uma única figura. O Noel é o personagem mais lembrado no Natal, mas está ali para mostrar que o maior presente que recebemos foi o nascimento do Menino Jesus", esclarece. E por se tratar de uma figura tão séria e nobre, Celso investe alto na preparação.

"Em 2021 fiz minha certificação como Papai Noel do Brasil na Escola de Papais Noeis, onde se faz um curso de aproximadamente um mês no Rio de Janeiro para aprimorar as técnicas para o trabalho. Não conseguimos tirar habilitação para dirigir trenós ainda, mas aproveitando o momento, eu e outros 110 Papais Noeis nos certificamos este ano", conta.

No quesito aparência, Celso mantém uma parceria de longa data com o Instituto Michele Krasniak, especialista em cabelos louros, de Videira para auxiliar o processo de transformação para a chegada do Noel.

Enquanto o Noel não chega, Celso  é professor de Educação Infantil e Séries Iniciais, radialista e músico, integrante de duas bandas de Videira (Jack & Jim Acústico e Família Sartor). Isto não significa que sua identidade seja secreta.

"Teve uma situação em Fraiburgo, quando eu estava no mercado fazendo compras com minha esposa, já com a barba mas sem o cabelo branco, quando pudemos ver uma criança puxando a saia da mãe e dizendo 'É ele!'. A mãe perguntou quem era e quando a criança explicou que eu era o Papai Noel, ela o orientou a ir falar comigo. A criança se aproximou de mim, já no caixa, ficou me olhando com os olhinhos brilhantes e eu baixei a máscara e disse: HO HO HO, olá criança! Ela me deu um abraço apertado e correu de volta para a mãe. Foi uma situação muito bacana", recorda.

     Já dentro da própria família, Celso tem o total apoio da esposa, Juliana, que também adotou o codinome de Mamãe Noel. "A minha família se incomoda um pouco com a barba comprida, porque dizem que me envelhece demais, mas de modo geral acham bacana ver que o Papai Noel começa a se preparar mais ou menos em abril, deixando a barba crescer para ficar pronta para o Natal", explica.

     O trabalho se justifica a partir do contato com as crianças. Cada momento, único e especial. O Papai Noel se emociona ao lembrar de um pedido que recebeu em seu primeiro ano de trabalho na casinha mantida pela CDL, quando uma criança disse que tinha dois pedidos para fazer.

"Eu perguntei a ela o que mais desejava em seu coração. Ela pensou um pouco e respondeu que se deveria pedir para mim aquilo que seu coração mais queria, seus dois pedidos poderiam esperar. Então ela explicou que seu maior desejo era que a sua família se entendesse, que seus pais se olhassem com carinho porque ela sentia como se atrapalhasse a vida deles. Tive que me controlar muito para conseguir conversar com aquela criança e depois pedi alguns momentos para me recompor e voltar a atender os demais", lembra o Noel.

     Em contrapartida, é impossível não rir ao lembrar de uma tarde de sábado, em 2019, quando o Papai Noel descansou na casinha das 17h30 às 19 horas de pijama colorido até a hora de atender as crianças.

     Para o Papai Noel, o Natal significa nascimento, esperança de uma vida mais cheia de amor e carinho, repleta de afeto e de luz na vida das pessoas. O momento é de amar quem está conosco, espalhar o amor através das boas ações.

"É ser luz na vida do outro e lembrar que o nosso maior presente é ser presente na vida das pessoas que amamos. É o momento de amar o próximo como gostaríamos de ser amados, tal como o ensinamento de Jesus. O maior sentido do Natal é este, ser luz e presente na vida do próximo. Feliz Natal. Ho ho ho!".