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Brasil ganha primeiro memorial dedicado aos imigrantes de Luxemburgo


O novo espaço público fica no centro de Rio Negro, região metropolitana de Curitiba, no lugar de uma antiga termoelétrica construída por um luxemburguês. As ruínas serão preservadas e aliadas a um projeto arquitetônico atual

O Brasil vai ganhar seu primeiro memorial dedicado aos imigrantes luxemburgueses. Trata-se do Memorial de Luxemburgo, que será inaugurado em Rio Negro, cidade do sudeste paranaense que faz parte da região metropolitana da capital. O lançamento está marcado para o dia 22 de novembro, como parte das comemorações do aniversário do município.

O Memorial de Luxemburgo será instalado no antigo Parque Bley, às margens do rio Negro, em uma área central da cidade. O local abrigou a primeira usina termoelétrica construída no começo do século XX por Nicolau Bley Neto, descendente de um dos primeiros imigrantes luxemburgueses da região.

“Foi um empreendimento pioneiro, que desencadeou os primeiros passos da industrialização em Rio Negro, no início do século passado. Com a energia elétrica ali gerada, as primeiras lâmpadas iluminaram casas e ruas e acionaram os primeiros motores industriais da cidade”, afirma Cícero Bley Junior, presidente da Casa da Cultura Brasil-Luxemburgo, e um dos idealizadores do projeto.

A imigração luxemburguesa em Rio Negro e região

Rio Negro foi fortemente influenciada pela imigração luxemburguesa. A cidade recebeu quatro famílias diferentes: Bley, Grein, Krauss e Stresser, que venceram a travessia do Atlântico, a incursão na Serra do Mar e do sertão rionegrense para ajudar na construção do município. “Eles foram fundamentais para o desenvolvimento da região, afirma Cinthia Cordeiro, historiadora e membro do Comitê Memorial de Luxemburgo.

Memorial de Luxemburgo

O terreno tem mais de 7 mil metros quadrados e foi cedido pela Prefeitura para a construção e administração do memorial. “Fomos amplamente acolhidos pelas autoridades municipais de Rio Negro”, afirma Cícero.

A história do lugar ficou perdida no tempo, até ser descoberta em recortes de jornais da época por descendentes. “O lugar havia sido disponibilizado para realização de eventos da comunidade por mais de 20 anos após a desativação da termoelétrica. Nós fomos até lá e, para nossa surpresa, encontramos as ruínas do local”, diz Arnoldo Bley Neto, outro ativo descendente.

Os espaços estão sendo desenhados pelos arquitetos Pedro Silveira e Karen Kondlatsch, que integram o escritório rionegrense responsável pelo projeto. “O objetivo é preservar os elementos existentes no terreno que identificam o uso original do espaço e marcam a passagem do tempo. Por este motivo, as ruínas foram mantidas e a casa de madeira será reconstruída para abrigar novas atividades”, afirma Pedro.

Outros elementos também serão incorporados à área, com uma linguagem arquitetônica e de materiais próprios dos tempos atuais, além de forte relação com aspectos da paisagem urbana e natural de Luxemburgo.

“O objetivo é trazer à memória a história do país e das famílias que vieram para o Brasil. Queremos proporcionar para a cidade um espaço de lazer, conhecimento e encontro de múltiplas geraçõese a reconexão com Luxemburgo, estreitando o relacionamento entre os países”, conclui o arquiteto.

Casa da Cultura de Luxemburgo

O Memorial de Luxemburgo é acompanhado pela transferência da até então Câmara de Comércio Brasil-Luxemburgo (CCBRALUX),de Curitiba para Rio Negro. Com a mudança, a entidade também ganhou um novo nome: Casa da Cultura Brasil-Luxemburgo.

“Percebemos que somente as relações comerciais não atendiam todos os aspectos da cidadania, como trocas de apoios, cursos de línguas, intercâmbios, ações culturais e tantas outras atividades como o próprio Memorial de Luxemburgo”, explica o presidente da Casa da Cultura. “Sendo assim, entendemos que faria mais sentido a mudança do escopo da entidade, bem como a mudança da sede para Rio Negro, considerando o interesse de todos pelo êxito que estamos tendo com o memorial”, conclui Cícero.

 


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