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Planejamento preciso


Como você se relaciona com o seu dinheiro? Enquanto alguns pensam em poupar tudo o que podem para investir seu dinheiro em algum bem ou negócio, outros estão mais adeptos a teoria de que “só se vive uma vez” e esbanjam sem pensar no amanhã. Porém, o amanhã sempre chega. Estabeleça uma relação saudável com a sua vida financeira para que não hajam imprevistos ou surpresas desagradáveis no futuro. Lembre-se que nessa relação é você que está no comando. 

Lhe convido a fazer uma busca em suas lembranças. Você consegue lembrar como foi seu primeiro contato com o dinheiro e o que pensava sobre ele? Você compreendia sua utilidade e sabia de onde ele vinha? Porque eu não. Não entrava na minha cabeça que um pedaço de papel tinha que ser conquistado, se ele poderia ser desenhado facilmente. Aos cinco anos parecia extremamente óbvio, que era muito fácil fazer aquelas notas. Oras, era só desenhar muito bem, ou ter uma boa impressora. Hoje eu sei que isso se chama falsificação e embora eu saiba cantar “Bella Ciao”, não seria uma boa recruta para o time do professor. Naquela época o dinheiro para mim tinha apenas uma finalidade: comprar geladinho nas férias de verão, na mercearia do Seu Pasqual. Eu não ganhava uma mesada, mas tinha acesso ao dinheiro. Sempre que possível ganhava algumas moedas ou notas de dois reais e esse meu rico dinheirinho era destinado a fazer vaquinha com as demais crianças do Bairro Industrial para comprar geladinhos, picolés, algodão doce ou aqueles salgadinhos que tem aspecto de isopor e que tem gosto de infância. Sinto saudade da minha infância e mais ainda de quando o picolé de abacaxi me custava cinquenta centavos e de quando eu não acumulava boletos.

Acredito que boa parte de nós desde que conquistou sua independência financeira, tem calafrios ao pensar em dinheiro. O que deveria ser uma solução, por muitas vezes se torna um problema e uma grande dor de cabeça. Você fica dividido entre comprar coisas que deseja, ou poupar para conquistar metas maiores. E percebeu de repente que ficar passando vinte, trinta, quarenta reais no cartão de crédito no final do mês sempre acumula em quinhentos reais que você nem lembra em que lanches gastou. 

Minha nonna é do tipo que prefere dar dinheiro de presente. Ela passa o dinheiro como se estivesse entregando um contrabando (de maneira fofa) e sempre aconselha: “Com esse dinheiro você compra o que você precisa, mas não gaste com besteiras e cuidado para não ficar gastando mais do que ganha”. E levando em conta esse conselho valioso, eu te pergunto: Você faz planejamento das suas finanças? Sabe exatamente no que gasta seu dinheiro e tem metas para ele? Cerca de 58% dos brasileiros confessam que não dedicam nenhum tempo a suas atividades de controle da vida financeira e 40,5% tem o nome registrado em cadastros de devedores. 

Os dados são preocupantes e a solução é apenas uma: planejamento! Sempre fui uma pessoa muito consumista e minha perdição são roupas e sapatos (minhas inúmeras Melissas que o digam) e tinha dificuldade de controlar minhas finanças até que comprei um caderno e passei a seguir os passos da minha mãe, que sempre anotou em um caderno de bolso suas despesas mensais de acordo com sua renda. O planejamento começa com uma identificação simples e básica na hora de efetuar uma compra, seja ela de grande porte ou não. Eu preciso disso ou eu quero isso? Se você precisa analise quanto você pode investir, como fará esse investimento e quando. Se é um desejo, faça a mesma análise, mas lembrando que você pode esperar um pouco mais, quem sabe até essa vontade passar. Não escute seu lado obscuro te dizendo: “Só se vive uma vez”, porque o cartão de crédito é uma ferramenta maravilhosa, mas o boleto dele sempre vem e às vezes te custa muito dinheiro e todo o seu sossego. O planejamento financeiro, está muito ligado ao seu poder de autocontrole e também a se utilizar muito bem da palavra “não”. 

É de extrema importância que você registre toda a sua movimentação financeira. Você sabe quanto ganha mensalmente e tem uma base do quanto gasta. Se tiver esses registros, já tendo uma margem de alguns gastos variáveis seu planejamento será eficiente. É indicado que você anote tudo o que gasta diariamente, seja o doce que comprou na rua para ajudar alguém, a ração dos animais de estimação, a gasolina e as moedas do pão. Com esse sistema de controle você pode reorganizar os seus gastos. Se você se deu conta de que está gastando demais com combustível, por exemplo, talvez seja a hora de apostar em formas alternativas de transporte. É importante que você lembre que sempre existirão opções mais em conta e que você pode fazer algumas concessões. 

E como eu faço essas planilhas? Como o ideal é fazer um controle diário você precisa ter algo de fácil acesso e adaptação, com o qual você se identifique. Você pode ter cadernos de anotações, uma planilha no excel ou até mesmo aderir a algum aplicativo. Esse controle o ajudará a ter noções claras a cerca das suas despesas. Para que seu planejamento seja assertivo divida as contas em gastos fixos (contas que tem o mesmo valor todo mês, como o aluguel e internet) e gastos variáveis (contas que oscilam de acordo com consumo como cartão de crédito, luz ou água). Depois dessa divisão defina qual o valor máximo que pretende destinar para categoria de gastos como moradia, educação, transporte, alimentação e lazer. 

Para fazer esse planejamento é importante que você envolva toda a sua família nele. Quando você faz um planejamento para seu orçamento pessoal pode até ser mais simples já que você define suas prioridades no momento, mas e quando é preciso pensar em conjunto e unir todos os interesses atendendo todas as necessidades? É um desafio, mas não é um bicho de sete cabeças. Para evitar conflitos é recomendável que você converse com todos os membros da família antes de elaborar o orçamento e que definam juntos quais despesas serão responsabilidade de cada um e quais as prioridades no momento. É importante inserir as crianças e adolescentes nesse debate, para que compreendam as decisões dos pais e aprendam desde cedo a planejar suas finança e a se relacionar com o dinheiro.

Depois de planejar como controlará suas finanças e envolver toda família no processo, uma dica valiosa é utilizar o método 15-35-50 para tornar o processo mais eficaz. Nesse tipo de modelo você destinará 50% da sua renda para gastos essenciais que são aqueles necessários para manter-se no dia a dia como a moradia, alimentação e saúde por exemplo. 15% da renda será destinada a prioridades financeiras como quitação de dívidas ou poupanças com um propósito de futuro e os 35% restantes devem ser aplicado em todos os outros gastos relacionados a diversão e lazer. Lembre-se que poupar é necessário, mas não é preciso abrir mão de momentos agradáveis de lazer por conta disso.

O consumismo é uma das palavras de ordem dentro da sociedade atual. As pessoas geralmente gostam de mostrar um padrão social que não as pertence e acabam gastando muito além das suas possibilidades e assim acumulando grandes dívidas. Você precisa gastar de acordo com o seu padrão de vida atual. Você não precisa viver apenas com o básico, mas lembre-se que alguns luxos e extravagâncias podem esperar, foque no pagamento das suas contas, honrando assim seus compromissos básicos.

Uma das partes que pode ser considerada mais difícil dentro desse processo de planejamento é a negociação de contas atrasadas ou renegociação de grandes dívidas. Se você tem alguma dívida com uma loja é recomendável que busque o dono e gerente, explique sua situação e juntos encontrem uma alternativa viável e justa para que os dois saiam ganhando. Quando sua conta for junto ao banco ou grande empresas, busque os responsáveis pela renegociação de dívidas  para que possam lhe explicar como deve prosseguir e em que condições poderá quitar suas contas.

Conviver bem com suas finanças e fazer planejamento é uma questão de hábito. Se você vive em pé de guerra com esse setor da sua vida é importante que se esforce para mudar. Suas questões emocionais estão muito ligadas aos gastos excessivos, algumas pessoas quando estão tristes buscam comprar alguma roupa que desejam e depois nem sequer utilizam, outras quando estão deprimidas suprem suas necessidades com comida ou algum lazer. Essa mudança de hábito vem também de encontro a fazer novas análises e escolhas referente a compras. Fazer uma comparação entre preços e marcas de produtos é um hábito simples, mas que colabora com a economia, assim como pagar à vista por algum produto ou serviço, sempre que possível, dessa forma você fica livre de uma dívida extensa e ainda pode vir a ganhar um bom desconto na compra.

Se mesmo poupando muito e se esforçando para pagar todas as suas contas e dívidas no prazo o seu dinheiro continuar curto, uma alternativa viável pode ser a de buscar uma fonte de renda alternativa. Você pode fazer trabalhos de consultoria autônoma em sua área de formação ou trabalho, buscar alguns trabalhos como freelancer, dar aulas particulares sobre suas especialidades ou disciplinas em que seja muito competente, investir em um negócio caseiro com a ajuda da sua família como a produção de bolos ou salgados, ou ainda aprimorar um hobbie como a fotografia, desenho ou artesanato o tornando fonte de renda. Se utiliza também de plataforma digitais para vender objetos que não utiliza mais, como móveis e roupas.

Depois de aprender a fazer planejamento, mudar seus hábitos e buscar novas fontes de renda é importante que busque alternativas para investir de forma segura o seu dinheiro. Muitas pessoas tem a ideia de que o essencial é esperar sobrar para fazer investimentos, porém é imprescindível que para proteger a sua família de imprevistos e emergências evitando apertos, você busque reservar parte do seu dinheiro mensal para investimentos. Dois conselhos que podemos dar é que invista seu dinheiro em uma reserva de emergência, investindo em algo que possa ser resgatado a qualquer momento e na formação de patrimônio para garantir solidez e qualidade de vida para sua família.

É importante que você estabeleça objetivos financeiros e especifique suas metas. Afinal como poupar e realizar os sonhos ao mesmo tempo? Para atingir seus planos e objetivos sem prejudicar o seu orçamento você precisa separar suas metas, fazendo uma lista de objetivos a curto, médio e longo prazo. Estipule um prazo para conquistar cada uma das metas, dessa forma você direcionará seu planejamento para cumprir o que estabeleceu.

Tendo como base essas dicas, faça as pazes com a sua vida financeira e melhore a sua relação com o seu dinheiro, planejando e investindo ele pode se tornar seu melhor amigo.


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