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O choro dos chorões - Bolinha Antonio Carlos Pereira


“Meu coração, não sei porque, bate feliz quando te vê...” Todos sabemos cantar essa letra, escrita em 1937 por João de Barro, o Braguinha porém muitos desconhecem que esse chorinho foi composto em 1917 pelo Pixinguinha, um dos maiores representantes do “choro” brasileiro. Foi essa a melodia que nos atraiu ao Clube do Choro em Brasília.

 

Minha esposa Marina estava comigo, eu participava de um curso no Banco do Brasil em 1982. Tínhamos saído do Planetário de Brasília, um maravilhoso centro científico, cultural, histórico e de entretenimento, que passou a ser um dos pontos turísticos mais visitados da Capital. 

O Planetário fica em local estratégico, entre a Torre de TV e o Centro de Convenções, e enquanto caminhávamos de volta, degustando ainda a formidável aula de astronomia, ouvimos agradáveis sons musicais, vindos de algum local próximo. À nossa frente se enxergava apenas o gramado, mas seguindo atentamente os sons chegamos a uma escadaria que levava a um bar no subsolo. Sim, estivemos nos subterrâneos de Brasília! Ali alguns músicos tocavam alegremente seus instrumentos, e nós prazerosamente encaramos uma nova degustação, bebendo cerveja e comendo alguns petiscos, curtindo o som maravilhoso do chorinho, na companhia de novos amigos.

Ah, e quando visitamos nossos netos em Curitiba, é programa obrigatório de domingo passear na Feirinha do Largo da Ordem. Além das inúmeras atrações gastronômicas e artesanais, sempre há um grupo de “chorões”, como são conhecidos os executantes do choro, alegrando as manhãs: o Conjunto Choro e Seresta, que é o grupo regional mais importante e tradicional de Curitiba. Inclusive, fomos privilegiados com uma audição exclusiva deles em 2015, quando meu Mano Novo Raul Fernando contratou aqueles chorões para um almoço no Dia dos Pais, alegrando “Seo” Raul, com a presença do Mano Véio e demais familiares.

Aqui em nossas cidades de Joaçaba e Herval d’Oeste temos o privilégio de nos deliciar com músicos amadores, que tocam choro com tamanha habilidade que encanta e enleva a alma. Destaco o regional dos nossos primos Gioppo, de Caçador, sempre com a participação entusiasmada do Carlão Tratsk. E que falta nos faz o saudoso Euro Küster, que aprendeu a tocar flauta ouvindo Altamiro no rádio, e se apresentava acompanhado ao violão pelo mano Áureo e ao bando- neón pelo pai, “Seo” Cristiano. Guardo com carinho o CD do Trio Küster, gravado de um programa da Líder em 1982.

O choro, conhecido popularmente como chorinho, foi a primeira música popular urbana típica do Brasil. Surgiu no Rio de Janeiro, em meados do século XIX, sendo ainda hoje apreciado e executado tanto por grupos tradicionais como por músicos de outras origens. Não se caracteriza por um ritmo específico, mas pela maneira como é executado, com muitas improvisações e ornamentos. O gênero baseia-se em inúmeros outros ritmos: maxixe, polca, tango, valsa, samba, e a principal característica apreciada nos “chorões”é o virtuosismo e a capacidade de improvisação. O Dia Nacional do Choro é comemorado em 23 de abril, data presumida do nascimento de um dos maiores mestres do gênero, o genial Pixinguinha.

Então, estamos combinados: se alguém for escrever doze volumes sobre a música popular brasileira, ainda será pouco para mostrar tanta riqueza cultural. Mas se tiver que definir a MPB em uma só palavra, escreva “`Pixinguinha” e irá acertar. Todos entenderão.


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