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A indústria das soluções - Janete Cassiano Falcão


Ela tinha um caderno na mão e uma enorme vontade de estudar. Ela fez da bolsa de estudos do antigo segundo grau plataforma para alcançar voos mais altos e aos 36 anos votou aos bancos escolares para cursar a graduação e a especialização. Janete Cassiano Falcão poderia não acreditar, mas seria a sócia-fundadora do Planalto Indústria e Comércio Ltda. Líder em Picadores, de Campos Novos, e apresentaria à sua terra natal a indústria 4.0.

 

 

Fale sobre a sua trajetória profissional

Sou natural de Campos Novos (SC), meu pai era caminhoneiro e minha mãe dona de casa. Após completar o primeiro grau, comecei a trabalhar na empresa Móveis São José, cujo proprietário era um tio por parte materna. Eu tinha 15 anos quando comecei. Em seguida, fiz o segundo grau à noite na Escola Técnica de Comércio João Batista Scalabrini, que era dirigida pelo Pe. Quintilio Costini, o responsável por me doar uma bolsa de estudos tendo em vista a minha vontade de estudar e as poucas condições da família. Casei com Antônio Carlos Falcão e tivemos um casal de filhos, Leonardo e Liana, que nos deram quatro netos. Entretanto percebi a necessidade de voltar a estudar e aos 36 anos retornei à sala de aula em busca de crescimento pessoal e profissional. Fiz vestibular e cursei cinco anos de Administração, seguidos por dois anos de especialização, enquanto trabalhávamos na área contábil e administrativa em outras duas empresas.

 

Como a Planalto nasceu e como você assumiu a liderança?

Eu já atuava no mercado florestal a mais de 10 anos e via uma grande oportunidade para criar uma empresa capaz de ter um diferencial no atendimento ao cliente, com rapidez nas soluções, eficácia nas operações e introdução de produtos de primeira qualidade. Com o apoio dos sócios-fundadores Jung e Luiz Carlos Mecabo, criamos o Planalto que utiliza a mais avançada tecnologia internacional para projetar e adaptar máquinas e equipamentos voltados às indústrias madeireiras, celulose, MDF, de produção de biomassa, etc.

Estamos no mercado a mais de 20 anos, oferecendo equipamentos de alta qualidade e alta performance para geração de biomassa a base de resíduos de serraria, tora e resíduos florestais. Nosso programa de produção também inclui projetos de pátios de biomassa, contemplando toda a cadeia de equipamentos para recepção de toras de resíduos de madeira, alimentação dos picadores, sistema de transporte, classificação e armazenagem de cavacos para geração de energia e para celulose. Atualmente, exportamos para a América do Sul, Europa, EUA e África.

 

Porque ampliar as linhas de produção da empresa?

Buscamos a constante evolução de nossos equipamentos, com especial atenção para as novidades e melhorias do mercado. Além dos picadores fixos, temos uma linha de picadores florestais e tivemos a oportunidade de lançar um novo modelo no último mês de abril, na feira em Santa Rita do Passa Quatro (SP). Lançamos o PFP 600x800 Fox Forest Planalto, que tem capacidade de produzir 300 mst/h de cavaco de ótima qualidade para alimentação da caldeira a base de árvores inteiras de eucalipto com um diferencial – seu sistema inteligente. Ele proporciona a possibilidade de alterar a granulometria dos cavacos, variando entre 5 a 50 mm, através de um sistema eletrônico, adequando-se as necessidades do cliente. O sistema, por sua vez, é adaptado para a indústria 4.0 com interface de interação com o cliente através de um aplicativo controlado pelo celular (acesso wifi), permitindo o acompanhamento de toda a operação e produção.

 

O que contribuiu para que o Planalto se tornasse líder de marcado em 20 ano?

Nosso esforço nos direcionou para buscar projetos cada vez mais diferentes e que, sobretudo, atendessem às necessidades dos clientes. Tínhamos em mente a meta de oferecer uma solução e não produzir mais do mesmo. Por isso, participamos de projetos importantes na produção de biomassa para geradores de energia, vapor e até mesmo para picagem de madeira em grandes volumes. Estes projetos não se resumem a Campos Novos, pelo contrário atingem o Brasil e o exterior. Posso citar um projeto de produção de vapor e  de energia e de geração de biomassa a base de eucalipto desenvolvido para a Bahia; um projeto de picagem de madeira, transporte, classificação e armazenagem de cavacos e geração de vapor e a energia para uma indústria de sucos de laranja e abacaxi na Costa Rica, e ouro para  a indústria na Argentina; Projeto de um pátio para a geração de energia a base de capim (kim glass) para uma empresa de ramo têxtil de El Salvador; e um projeto de produção de cavacos e biomassa de eucalipto para um grande produtor de Minas Gerais. Nossos produtos estão em todos os Estados e são exportados para muitos países, o que só é possível de ser realizado através do trabalho de uma equipe técnica muito experiente. Também somo a única empresa brasileira no ramo de picadores que está certificada com a ISSO 9001-2008, o que nos coloca à frente da concorrência em função da comprovação da qualidade dos produtos e padronização de processos.

 

Como você atual para manter o bom relacionamento com a equipe de colaboradores?

Acredito que o sucesso de qualquer empresa dependa de seus colaboradores, que devem estar satisfeitos, motivados e reconhecidos. É isso o que procuramos diariamente! Para isso, sabendo que os colaboradores devem entender os benefícios da atividade em que estão inseridos. Devem compreender o quão bem fazem o seu trabalho para o cliente, pois sem o seu esforço quantas pessoas terão dificuldade de executaras suas tarefas? Ao envolver o colaborador com a responsabilidade sobre toda a cadeia, ele se torna um facilitador do trabalho do outro, ou seja, criamos empatia com o trabalhador que irá utilizar nosso produto desejando que ele tenha uma máquina eficiente o suficiente para realizar seu trabalho da melhor forma possível. Podemos não conhecer o rosto ou saber qual é o nome do colaborador que utilizará nosso produto lá no final da nossa cadeia, mas sabemos que a partir do nosso trabalho ele poderá ter um ambiente laboral muito melhor, mais avançado e dinâmico. Esse fato de olhar para o cliente com empatia e reconhecimento permite que adequemos as necessidades de todos por compreender que aquele cliente não é uma entidade diferente de nós, pelo contrário, é outro ser humano tal qual como nós. Então porque não torna o seu trabalho melhor? Mas, embora a teoria seja muito bonita, apenas esse modo de ação não basta para ter bons produtos no mercado e oferecer soluções adequadas. Também é preciso de disciplina de gestão para descobrir melhorias o tempo todo e prezar pela comunicação entre todos, com comprometimento entre as partes. Isso representa a diferença! Uma equipe comprometida, envolvida em todas as etapas do processo, com conhecimento disponível para tomar as decisões certas, é a chave para o sucesso de qualquer organização.

 

Que dicas você daria para quem está começando a carreira empresarial?

Em primeiro lugar, é preciso saber que terá muito trabalho! Precisa ter dedicação, persistência e não desistir nunca de seus sonhos. O momento é oportuno, pois já sabemos, ainda que tímida, uma retomada do crescimento interno. Ainda estamos longe das condições que precisamos e esses avanços se darão com a recuperação da economia. Somando-se aos demais eventos que temos presenciado está atento as oportunidades do mercado, consolidando ainda mais a importância desse ano de eleições.


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