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Mentes mal assombradas


Se você foi uma das pessoas que não perdia um capítulo da novela “Caminho das Índias”, deve lembrar dessa frase emblemática: “Tem ratos na piscina, dita pelo personagem Tarso Cadore, em um dos surtos vividos brilhantemente pelo ator Bruno Gagliasso. Na trama, a família demorou a aceitar que o jovem sofria de algum transtorno psiquiátrico e precisava da ajuda da família e de especialistas, porém mesmo convivendo com a Esquizofrenia, depois de tratado, o jovem conseguiu levar uma vida “quase normal”.

 

Ao longo de sua vida se você não conheceu, provavelmente conhecerá alguém que é taxado como louco, por sofrer de uma doença cerebral crônica, chamada esquizofrenia. Doença que afeta cerca de 1% da população mundial e tende a se manifestar entre os 15 e 35 anos, tendo casos raríssimos onde a mesma se manifesta ainda na infância, comprometendo o desenvolvimento da criança.

De acordo com informações da Associação Brasileira de Psiquiatria, a doença tem predominância no sexo masculino e nem sempre pode ser diagnosticada logo no início. “Existem os sintomas precoces”, que podem aparecer meses ou anos antes da doença se exteriorizar, em alguns casos estes sintomas são confundidos com outros transtornos como a depressão, ou com crises existenciais, revoltas contra o sistema e alienação egoísta, por geralmente se manifestar na adolescência ou início da vida adulta.

O transtorno é grave e afeta o modo como a pessoa pensa, sente e se comporta. Provoca alterações no comportamento, indiferença afetiva, pensamentos confusos e dificuldade para se relacionar com as pessoas. Os sintomas de esquizofrenia podem incluir delírios, alucinações, problemas de raciocínio e concentração e falta de motivação. Quando tratados a maioria dos pacientes, melhora muito com o tempo.

Atualmente existem sete tipos de esquizofrenia:

Esquizofrenia paranoica: desenvolve-se em uma idade mais avançada. É a mais comum e caracteriza-se por insistentes alucinações e/ou delírios, além de alterações na fala e emoções.

Esquizofrenia Hebefrênica ou Desorganizada: Geralmente tem desenvolvimento entre os 15 e 25 anos. Tem por característica comportamentos e pensamentos desorganizados, em contrapartida quando acontecem alucinações e delírios, eles passam de maneira rápida.

Esquizofrenia Catatônica: O tipo mais raro. Possui características típicas sobre os movimentos e a falam, que podem alterar de extrema agitação a extrema quietude.

Esquizofrenia Indiferenciada: Normalmente apresenta características semelhantes à esquizofrenia paranoica, hebefrênica ou catatônica, mas não se encaixa por completa em nenhuma delas.

Esquizofrenia Residual: Pessoas afetas por esse tipo de esquizofrenia, possuem um histórico de doenças mentais, porém só apresentam os sintomas negativos da doença.

Esquizofrenia Simples: Os sintomas negativos são recorrentes nesse tipo de esquizofrenia e tendem a piorar de forma muito rápida. Os sintomas positivos da doença são raros.

Esquizofrenia Cenestopática: Nesse caso, o paciente possui características abrangidas em nenhum outro tipo da doença.

Ainda não se sabe ao certo os fatores reais que causam a esquizofrenia. Diversas pesquisas, constataram que a genética é responsável por pelo mesmo 50% dos casos e outros 50% são decorrência de fatores ambientais (viroses na mãe, depressão da mãe, perda precoce de um dos pais, abuso na infância). Outras pesquisas constatam que a doença é desenvolvida mais ativamente enquanto o cérebro do feto ainda está sendo formado. Outro ponto importante relatado na pesquisa é que o causador da doença não é composto apenas de um gene, mas sim de uma série deles, o que é chamado de heterogeneidade.

As pessoas esquizofrênicas possuem regulações anormais em alguns de seus neurotransmissores que consequentemente, afetam células referentes ao pensamento e também ao comportamento.

Os sinais podem se apresentar de maneiras diferentes em cada pessoa. Conheça alguns comportamentos, que podem estar ligados diretamente a esquizofrenia: Escutar ou ver algo que não existe; sentimento constante de estar sendo vigiado; maneira peculiar de escrever ou falar; posição estranha do corpo; sentir-se indiferente diante de situações importantes; regressão na performance nos estudos ou trabalho; mudanças na aparência ou higiene pessoal; mudanças de personalidade; afastamento muito visível de atividades sociais; respostas irracionais com medo ou raiva a familiares e amigos; inabilidade em dormir ou se concentrar; comportamento inapropriado ou estranho e preocupação extrema com religião.

A esquizofrenia é dividida em:

Sintomas Positivos (tudo o que não é normal de possuir, mas que o paciente possui. Características de comportamentos psicóticos que fazem com que a pessoa perca a noção de aspectos da vida): Alucinações; delírios; pensamentos desordenados; movimentos desordenados/agitados.

Sintomas Negativos (fazem parte da fase crônica da doença e são caracterizados pela falta de emoções e comportamentos normais): Redução da expressão de emoções através da fala ou voz; dificuldade em iniciar ou sustentar uma atividade; sentimento de prazer diminuído ao longo dos dias; redução da fala.

Sintomas Cognitivos (em alguns pacientes podem aparecer de forma branda, em outros de forma graves e perceptíveis): dificuldade em tomar decisões; dificuldade em prestar atenção em algo; capacidade de compreensão baixa; problemas com memória.

Sintomas Neurológicos (presente em pacientes que possuem a doença em estado precoce ou muito grave): Tiques faciais; prejuízos em determinados movimentos mais bruscos e desordenados; aumento na frequência do piscar de olhos; desorientação sobre direita ou esquerda.

Sintomas Comportamentais (o comportamento dos pacientes muda e é afetado pela doença): Agressividade; manias repetitivas; conversar sozinho; em casos graves tentativas de suicídio.

A esquizofrenia para ser diagnosticada, precisa de acompanhamento de um profissional, que avaliará o comportamento do paciente. Caso a suspeita seja confirmada, o especialista pedirá informações referente ao histórico clínico do paciente. Ainda não existem exames específicos capazes de detectar a presença da esquizofrenia, por isso alguns especialistas utilizam-se de critérios estabelecidos pelo Manual de Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Metais, dessa maneira, para que a pessoa seja diagnosticada com a doença ela precisa apresentar: delírios; comportamentos desorganizados; fala desorganizada; alucinações, sintomas negativos que durem pelo menos 4 semanas; deficiência considerável na capacidade escolar ou nas funções profissionais e doméstica; sintomas que persistam por 6 meses ou mais.

O tratamento para a doença é realizado com medicamentos, para controlar os sinais e sintomas. Dessa forma o médico poderá tentar vários tipos de medicamento em diferentes doses e composições, até encontrar o que dê resultado. Os medicamentos mais indicados são divididos em 3 grupos: antipsicóticos típicos, antipsicóticos atípicos e agentes antipsicóticos variados. O acompanhamento psicológico deve ser realizado de maneira contínua, para que a doença seja controlada.


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