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Logística reversa: consciência para o descarte de resíduos


A história da humanidade é marcada por um crescente consumo de produtos. Mais e mais se cria e compra. Essa conta gera alguns problemas que a cada dia se agrava: a produção de lixo e o consumo desenfreado de matéria-prima. Para lidar com esse ônus, as nossas indústrias desenvolveram diversas ferramentas para desacelerar o problema. A logística reversa é um desses procedimentos que permite ao consumidor devolva à empresa o lixo gerado pelo produto que consumiu, desta forma, o fabricante com mais estrutura, pode dar um descarte mais seguro.

O conceito é bastante simples: enquanto comumente a logística é a ferramenta que possibilita o trânsito de mercadorias e produtos para os consumidores onde eles estiverem, a logística reversa faz o caminho contrário, focada em levar os resíduos consumidos de volta para o produtor. Como todos sabemos existem produtos nocivos para o meio ambiente e para a saúde humana. Por esse motivo a implementação de práticas de logística reversa é uma atuação da empresa não só como imagem positiva aos consumidores, mas também um compromisso com o futuro. ciclo

A logística reversa é um acordo setorial firmado após a publicação da Política Nacional de Resíduos sólidos ainda em 2010 através da Lei nº 12.305. Neste documento ficou acordado que fabricantes, distribuidores, importadores e comerciantes teriam responsabilidade compartilhada em relação ao tempo de vida do produto, dessa forma, cabendo a eles a busca por uma saída em relação à redução dos resíduos e de seus impactos ao meio ambiente. É perceptível a importância da logística reversa para a sustentabilidade e a sua atuação como parte de todo um cenário que visa uma melhor relação com a natureza onde vivemos. Entretanto, conceitos mais amplos de sustentabilidade dialogam com as ações da logística reversa, como, por exemplo as ideias de economia compartilhada.

No caso de alguns produtos é necessário ter um sistema de logística reversa independente do serviço público de limpeza, tornando de responsabilidade da empresa recolher novamente os produtos que são perigosos para a população e o meio ambiente. Alguns desses produtos são agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes, produtos eletrônicos e seus componentes. Nestes casos se faz necessário ter um sistema com fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes. 

Lixo

De acordo com estudo Global E-Waste Monitor, realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2017, o Brasil se colocava na sétima colocação mundial e o líder dentro da América Latina quando se tratava da produção de lixo eletrônico (ou e-lixo). A produção de lixo e-lixo no país chegava a 1,5 mil toneladas por ano. Entretanto, o que mais preocupava, segundo o estudo, é que apenas 3% desse lixo era coletado de forma adequada, sobrando 1,45 mil toneladas de lixo com descarte de forma prejudicial para o meio ambiente e para a saúde da população.

Ainda de acordo com o estudo somos informados que anualmente em todo o mundo mais de 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico são geradas. Tratando-se do Brasil, a cada ano são descartados 97 mil toneladas de computadores, 2,2 mil toneladas de celulares e 17,2 mil toneladas de impressoras, sendo que quase a totalidade é descartada de forma incorreta. lixo eletronico

Para se ter um exemplo vamos levar em consideração os suprimentos usados em impressoras. No conteúdo do toner podemos identificar substâncias como o carbono, polímeros e resina, materiais que em um primeiro momento não são tóxicos, mas cuja queima pode liberar metais e produzir gás metano, o qual pode provocar parada cardíaca e asfixia em humanos, além de colaborar para o efeito estufa no planeta. Já os cartuchos de jatos de tinta são compostos por resinas, solventes e corantes, que podem contaminar o solo e o lençol freático com o descarte inapropriado.

Medicamentos

No artigo “Logística reversa de medicamentos no Brasil” publicado em março de 2021 pelas estudantes Beatriz Leiras Souza e Karen Feitosa da Silva do curso de Biomedicina do Centro Universitário Unigran, em Campo Grande, as autoras debatem sobre o descarte e os riscos de medicamentos vencidos ou em desuso, visto que eles são potencialmente perigosos tanto para o meio ambiente como também para as pessoas.

“Segundo dados do Conselho Regional de Farmácia do Paraná (2018), o Brasil é o sétimo país que mais consome medicamentos no mundo e a população brasileira gera mais de 10 mil toneladas de resíduos desse gênero por ano”, ressaltam.

As autoras ainda lembram que o país vive uma constante deficiência no descarte desse tipo de material e segundo teóricos um dos principais motivos é a desinformação da população que sem conhecimento acabam por despejando na maioria das vezes no lixo comum ou na rede de esgoto. lixo medicamentos

“O descarte de forma inadequada de medicamentos é um tema muito discutido atualmente, pois a maioria da população não tem conhecimento das consequências ambientais e para a saúde pública. Muitas variáveis como a produção em massa de medicamentos, a dispensação em quantidades maiores do que as indicadas para o tratamento, amostras grátis que não são distribuídas como propaganda para grandes laboratórios e o gerenciamento inapropriado de farmácias e drogarias públicas e privadas contribuem para a intensificação do problema”, complementam.

As autoras concluem destacando que não apenas a população precisa ser melhor orientada sobre o descarte mais adequado de medicamentos, mas também os próprios profissionais da saúde que trabalham tanto nas redes públicas e privadas. “Isso evidencia a necessidade urgente de investimentos em ações que capacitem as pessoas sobre a questão do descarte de medicamentos e suas consequências ao meio ambiente e à saúde”, concluem.

 

Everson Andrade


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