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Um amor além da vida - Odete Costella Baldissera


Falar sobre temas que não são fáceis pode ser, facilmente, a missão de Odete Costella Baldissera. A professora aposentada natural de Chapecó passou por diferentes experiências antes de perder seu filho para a depressão e usou a sua dor como motivação para ajudar outras famílias. Em seu livro de estréia "O amor nos manterá juntos", Odete reflete sobre ansiedade, depressão, suicídio e fé em um mundo melhor.

Êxito: Por que a senhora decidiu escrever sobre essa experiência com a depressão?

Odete: Vejo a questão da depressão e do suicídio como um aprendizado muito doloroso que, por mais que seja pessoal, no meu entender deve ser compartilhado para auxiliar as pessoas atingidas. A morte é sempre muito dolorosa e nessas circunstâncias se torna pior ainda. Nós não podemos ignorar esse sofrimento quando tantas pessoas passam por isso. A gente se torna muito sensibilizado depois de passar por uma experiência dessas na família e após a partida do meu filho fiquei sabendo de tantos casos e de tantas criaturas que passam por essa situação. Não poderia ficar calada! Quero dizer a todas as mães e famílias que, como eu, viram seu filhos partirem, que precisamos devolver-lhes a vida com muito amor, entendendo que não são culpados porque foram levados por uma doença. Com esse livro, quero ressaltar, tive o intuito de alertar sobre possíveis causas da depressão e levar palavras de alento e coragem a todos aqueles que passaram ou estão passando por ansiedade e medo da vida. Meu objetivo maior é orientar e auxiliar, pois não podemos ficar calados diante de uma doença tão grave. Não pensei somente em mim, mas em todas as vítimas. A depressão é uma doença interpretada de maneira errada diversas vezes, até por falta de conhecimento sobre sua gravidade, por gerar reações imprevisíveis que podem causar uma recaída. Precisamos dialogar mais sobre esse assunto. É necessário pesquisar mais para combater esse mal que está assolando o mundo. Não podemos cruzar os braços diante de uma situação tão grave.

Êxito: A escrita sempre fez parte da sua vida?

Odete: Sim, sempre gostei de escrever, mas me dediquei à escrita mesmo nos últimos anos. Desde que meu filho partiu me senti motivada a escrever sobre a depressão e suas consequências. No momento tenho outros dois livros em andamento.

O livro não foi a sua primeira atuação com famílias e pessoas com depressão. Fale sobre a importância dos familiares procurarem apoio com outras famílias que tiveram esse tipo de vivências?

A troca de experiências sempre agrega conhecimento e pode auxiliar as famílias a tomar medidas contribuam com o doente e seus familiares. Essa contribuição pode vir através da indicação de um bom médico terapeuta, especializado no assunto, bem como um alerta à família sobre cuidados a serem tomados com os pacientes e uso correto dos medicamentos. Não se pode vacilar porque se a pessoa está se tratando e parar de tomar seus remédios pode ter a recaída e, aí sim, pode ir embora.

Êxito: Já existem grupos de apoio para as famílias dos suicidas? 

Odete: Pode até ser que tenha, mas não é do meu conhecimento. Penso que se já existem é importante reforçar e divulgar ainda mais. Uma iniciativa assim deveria ser vista como política de saúde pública para levantar as famílias vitimadas. Os terapeutas auxiliam, com certeza, mas conversar com pessoas que passaram pela experiência, resulta em mais força para seguir adiante por sentir que não estamos sozinhos. estante

Êxito: O que a senhora poderia dizer às famílias e aos depressivos?

Odete: Eu quero dizer para as famílias e para os depressivos que nunca desistam de lutar pela vida. Jamais! Quero pedir que levem a sério o tratamento, sem interrupção até sua recuperação, que não deixem de buscar ajuda, que não se intimidem e não tenham vergonha de dizer que estão depressivos. Depois do que aconteceu conosco, ouvi e vi muitas pessoas falando baixinho para que os outros não soubessem, mas é preciso que falemos abertamente sobre o assunto sim! Devemos contar à família quando estamos com problemas e aflitos para não deixar agravar mais. É importante também buscar ajuda com o Pai Universal, que com amor nos ampara, enviando-nos energia e força para enfrentarmos todos os obstáculos que a vida nos apresenta. A fé nos faz enfrentar, nos faz ver que não estamos sozinhos, que Deus nos acompanha em qualquer situação. Precisamos ter muita fé para enfrentar esse momento que a humanidade vive porque não sabemos o que vai sobrar após a pandemia. Precisamos tomar cuidado, buscar alegria, buscar pessoas que animem a gente, buscar viver com mais tranquilidade, buscar novas alternativas para viver se for preciso para fugir do medo da vida. Devemos buscar viver mais felizes, não só preocupados com coisas materiais, mas levar uma vida mais digna e com mais alegria.

 


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