Você sabe o que é jejum intermitente?
O jejum intermitente é uma estratégia que consiste em intercalar períodos de jejum com outros em que a pessoa se alimenta. O objetivo é emagrecer e também obter alguns benefícios para a saúde. O tema divide especialistas, mas voltou a ser discutido depois de um artigo publicado emuma das mais importantes revistas médicas do mundo, a “New England Journal of Medicine”, que reuniu evidências científicas e dicas práticas da melhor forma de fazer o jejum intermitente.
“Dieta milagrosa: emagreça cinco quilos em sete dias!”. Se você algum dia já tentou perder peso, certamente deve ter ouvido isso. A promessa é tentadora e consegue conquistar muita gente interessada em se livrar daqueles quilinhos extras indesejados.
Quem quer emagrecer, sabe que existem mil e um tipos de dietas: LowCarb, Dukan, do metabolismo e até do tipo sanguíneo são algumas das últimas novidades. Porém, a dieta da vez parece ser mesmo a do jejum intermitente, na qual a pessoa intercala períodos em que se alimenta com outros em que fica sem comer nada. 
A discussão se aqueceu após a publicação de uma pesquisa na “New EnglandJournalof Medicine”, uma das mais conceituadas revistas médicas do mundo. Segundo o artigo, há evidências de que o jejum intermitente melhora o desempenho físico e cognitivo sem que haja perda de massa muscular. No entanto, a pesquisa mostrou a importância de haver uma adaptação gradual do corpo e da atividade física aos períodos de restrição alimentar, para potencializar os benefícios do jejum sem causar fraqueza ou cansaço excessivo. Na publicação há, inclusive, uma sugestão de prescrição para quatro meses (veja o quadro abaixo).
A nutricionista Marina Werner é professora do curso de Nutrição da Unoesc Videira e conta que, apesar de parecer ser apenas mais uma “dieta da moda”, esta é uma prática milenar muito saudável. “Apesar de termos uma falsa convicção hoje de que o correto é comer de três em três horas, mesmo sem fome, se comemos o tempo todo, perdemos a nossa sensação de saciedade e não conseguimos mais diferenciar fome de verdade de vontade de comer”, explica.
O jejum intermitente é uma das estratégias nutricionais utilizadas principalmente para gerar déficit calórico, obrigando o corpo a utilizar os estoques de gordura, o que significaria uma perda na quantidade de massa gorda corporal. Porém, a prática também pode ser recomendada para aqueles que querem apenas evitar algumas doenças e aumentar a longevidade. Isso porque o jejum prolongado e cíclico atua como um ativador da autofagia, processo de regeneração natural feito por todas as células do corpo para eliminar as toxinas responsáveis pelo envelhecimento. Na prática, isso pode significar evitar doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer, além de ser benéfica no controle de infecções e na proteção contra inflamação excessiva. Porém, os cientistas ainda divergem bastante em relação à comprovação destes fatos.
Apesar dos benefícios, a prática do jejum só é recomendada para pessoas que estejam com a saúde em dia. Além disso, ela é mais indicada para pacientes que já vinham em uma reeducação alimentar por algum tempo e que têm por hábito não gostar ou não sentir fome no café da manhã, pois são pessoas que irão se adaptar melhor à estratégia do jejum.
“Por isso, é importante frisar que é necessário o acompanhamento de um nutricionista, porque ele vai saber identificar o seu perfil, e as chances de se adaptar bem serão maiores”, explica Marina, que também tem pós-graduação em Nutrição Esportiva. 
Um dos objetivos do jejum é equilibrar os níveis de insulina, o que melhora no controle da fome e auxilia na prevenção de doenças crônicas. Existem diversas estratégias para a prática do jejum intermitente. As mais comuns são:
1. 5:2: alimentação normal durante cinco dias e jejum ou restrição calórica (cerca de 500 calorias) em dois dias não consecutivos da semana.
2. Dias alternados: alterna dias de alimentação normal e dias de jejum. Nos dias de jejum, deve-se fazer uma refeição de baixo valor calórico próximo ao horário de almoço, e, então, ficar sem comer até o dia seguinte.
3. TRF (Time-Restricted Feeding, ou alimentação restrita pelo tempo): alimentação diária com restrição de tempo. Neste caso, a pessoa pode ingerir alimentos durante 8 horas do dia, por exemplo, e deve fazer jejum por 16 horas.
O TRF é o método mais conhecido e um dos mais utilizados, pois costuma incluir as horas de sono no período em que a pessoa deve ficar sem se alimentar. No entanto, em qualquer um deles, durante o período de jejum, só é permitido consumir água, chimarrão, chás e café, sempre sem o uso de açúcar ou adoçante. 
Qualquer que seja a escolha, é preciso lembrar que o jejum intermitente é considerado mais um padrão de alimentação do que uma dieta propriamente dita. Por isso, é muito importante ter o acompanhamento de um nutricionista, para garantir que o corpo esteja recebendo os nutrientes de que precisa.
“Não existe uma estratégia saudável ou eficaz a longo prazo para emagrecer mais rápido. O ideal é ter um estilo de vida saudável incluindo alimentação balanceada e exercício físico regular, e tornar isso constante”, finaliza a nutricionista.
Recomendações: Atenção! A prática do jejum em pessoas não saudáveis pode ser prejudicial!
O jejum intermitente é indicado para quem:
• Já segue uma dieta equilibrada há algum tempo
• Não sente muita fome no café da manhã
• Quer perder gordura corporal ou eliminar os últimos quilos até atingir o peso ideal
• Quer melhorar a saúde de forma geral
Não é recomendado para quem:
• É diabético
• Está fazendo uso de algum medicamento
• Tem algum tipo de ansiedade ou problema psicológico relacionado à comida
• Tem algum tipo de problema clínico, como câncer ou hipertensão
• Mulheres grávidas ou que estejam amamentando
Tabela de sugestão de prescrição do jejum intermitente em duas das modalidades sugeridas: 
Ligia Rabay
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