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A música é um conjunto


“Para tocar um instrumento não é preciso ter um dom. Vale muito mais ter alguém que dê uma oportunidade. O ‘dão’ é melhor que o dom”, assim nos falou o professor e maestro Robson José Castilho Gregório momentos antes de uma apresentação da Fanfarra de Matos Costa. Há seis anos trabalhando com música, Robson e a comunidade matos-costense podem se orgulhar das expressivas conquistas das crianças com o brilhante desempenho da fanfarra e outros grupos formados pelas crianças de Matos Costa."

A história é antiga. Robson começou a tocar flauta doce na escola aos 13 anos e nunca mais abandonou a música ou as bandas. “Comecei com a Banda Emilio Taboada Diez, uma banda municipal de União da Vitória, depois participei de várias outras bandas marciais e fanfarras da região. Tive a oportunidade de ser o regente da Banda Marcial Pantera do Vale, em atividade no EEB Nilo Peçanha em Porto União, mas depois de alguns anos fui convocado para trabalhar com os grupos em Matos Costa”, lembra o professor. 

O projeto de criar oficinas de músicas com as crianças matos-costenses contava com instrumentos de percussão da década de 80. Robson conta que, aos poucos, foram incorporadas as liras e depois as escaletas como uma alternativa para atender ao desejo de boa parte dos estudantes que gostariam de aprender a tocar teclado ou acordeom. “Aí veio a flauta doce e depois a flauta pífaro, que é uma novidade para o meio musical da região, e por último tivemos o incremento de percussão sinfônica com marimbas e campana tubular. Esses instrumentos foram adquiridos a partir de recursos oferecidos pela Administração Municipal, doações e projetos”, explica Robson.

 Funcionando no contraturno escolar, as oficinas de grupo fazem parte dos programas da Secretaria de Assistência Social do município e não envolvem apenas a música. De acordo com Robson “temos oficina de artesanato para os alunos aprenderem crochê, bordados e pintura para auxiliar o desenvolvimento e as habilidades de coordenação motora. Elas contribuem para deixar os dedinhos dos alunos mais ágeis, o que ajuda na hora de tocar instrumentos como flautas, escaletas e violões, além de melhorar a sua capacidade de concentração. O objetivo não é apenas oferecer atividades para as crianças e jovens, não é apenas a música ou o artesanato: o real objetivo é aprimorar o cidadão, melhorar a convivência, mostrar que o esforço e a disciplina trazem resultados e que pode ser divertido. Hoje atendemos cerca de 80 crianças nas diversas oficinas”. Ao observar a equipe envolvida, em um primeiro olhar pode-se entende-la como pequena, mas jamais se deve imaginar que não dá conta do recado. O grupo é polivalente o suficiente para atender as demandas dos alunos e do projeto.

Sem pré-requisitos para o ingresso no projeto, as famílias também não precisam realizar investimentos para que as crianças possam participar. São gratuitos desde os materiais para artesanato, o lanche, uniformes, instrumentos e transporte nas viagens. Mesmo assim, toda ajuda é bem-vinda. “Já ganhamos instrumentos através de doação. Ganhamos uma bateria, pratos, flautas e até alguns violões, todos usados mas em excelente estado de conservação e posso garantir que todos eles continuam sendo muito úteis no dia a dia”, aponta. Segundo Robson, a maioria das crianças toca três ou até cinco instrumentos diferentes, o que permite que a Associação crie grupos diversificados capazes de tocar em diversos lugares. Existem grupos só com violões, grupos com violões e flautas, de escaletas e percussão, etc. “Para tocar no hospital, levamos apenas as flautas, pois o grupo de percussão faria um som muito alto. Já fizemos um concerto na igreja apenas com flautas e violões. Normalmente, não usamos violões nas apresentações em local aberto, pois o som não aparece muito. Podemos ter grupos com várias formações”, diz.

A fanfarra, por sua vez, é a atual Tetracampeã do CINFABAN (Concurso Intermunicipal de Fanfarras e Bandas), um dos mais tradicionais concursos do país, com quase 30 anos de história, acumulando os títulos de 2016, 2017, 2018 e 2019; foi duas vezes Campeã Estadual (2016 e 2019) pela Federação Paranaense de Fanfarras e Bandas; é Bicampeã Sul Brasileira no CONFABAN SUL (2017 e 2019); Campeã da Copa Fênix de Bandas e Fanfarras em São Mateus do Sul (PR) em 2017; Campeã do I Concurso de Bandas e Fanfarras de Paula Freitas (PR) em 2018; além de participar de outros eventos como a Semana do Contestado na cidade de Lebon Régis por três anos consecutivos, e a Expo Cultura em Palmas (PR). Sua agenda ainda reuniu apresentações em Tangará e União da Vitória em novembro, General Carneiro em dezembro antes do concerto de encerramento de 2019, em Matos Costa, com a participação do Grupo de Canto da Terceira Idade. “As apresentações ainda permitem que essas crianças tenham a possibilidade de viajar para cidades diferentes e conhecer realidades que seriam distantes delas ou que, provavelmente, não teriam acesso se não fosse através da música”, afirma Robson.

“Os ex-alunos tem orgulho do projeto e até se organizam para desfilar conosco em pelotões separados. Uma das alunas demonstrou o desejo de coordenar o pelotão de bandeiras e desde que ela assumiu essa função conquistamos o primeiro lugar com a linha de frente da banda nos concursos. As viagens são sempre acompanhadas pelo fotógrafo e mais um aluno que auxilia na logística e organização. Sempre que viajamos com a fanfarra necessitamos um pequeno caminhão para levar todos os instrumentos desmontados. Assim, os alunos com mais idade e experiência são muito valiosos para montar os instrumentos novamente antes da apresentação”, complementa. Com a intenção de fazer o projeto crescer, Robson conta que a expectativa é inserir mais oficinas como dança para criar um corpo coreográfico para a fanfarra, teatro e modalidades esportivas como xadrez e badminton. “Queremos tornar o projeto uma referência na cultura estadual e fazer daqui um centro de formação de artistas. Numa perspectiva de médio a longo prazo, queremos que os professores tenham sido alunos do projeto e que ele possa gerar renda para a cidade”, finaliza.


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