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Mobilidade urbana e planejamento: uma parceria essencial


Para garantir mobilidade urbana de qualidade é preciso planejar o crescimento dos lugares, além de implantar uma mudança de cultura do uso dos espaços. Com apoio fundamental do poder público, o trabalho de planejamento da mobilidade urbana em pequenas cidades pode ser facilitado ao observar o que deu certo em cidades maiores.

Quem pensa que a questão da mobilidade urbana só deve ser pensada nos grandes centros populacionais, nas metrópoles com seus engarrafamentos quilométricos, está muito enganado. Esse é um ponto necessário para todos os lugares que desejam crescer de forma sustentável e com garantia da qualidade de vida para as pessoas. E no Brasil, apesar do fenômeno da metropolização (ocupação urbana que ultrapassa os limites das cidades) consequência do intenso processo de urbanização do país, as ditas “pequenas cidades” ainda são uma realidade.  

Pela classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considera-se “cidade pequena” os aglomerados urbanos com até 50 mil habitantes. Nesse universo, segundo a estimativa populacional do IBGE em 2021, 67,7% dos municípios brasileiros têm menos de 20 mil habitantes. Apesar de uma lógica de vida diferente nessas cidades, são espaços que estão crescendo e se desenvolvendo e o planejamento adequado pode fazer toda diferença. 

“Mexer no passado sempre custa mais, por isso é melhor já pensar a forma correta das coisas serem feitas para evitar problemas mais para frente. A primeira atitude é estabelecer o que você deseja como planejamento futuro”, comenta Carlos Alberto Hirata, geógrafo, professor do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e mestre em desenvolvimento regional e meio ambiente. 

Para o professor, as cidades hoje consideradas pequenas ou até mesmo de médio porte têm uma oportunidade de crescer de forma sustentável. Observando os erros já cometidos pelos grandes centros que cresceram na frente, é possível tirar lições valiosas para garantir uma forma mais harmoniosa de convivência no espaço urbano. 

 

 

A exigência é de mudança de comportamentos, 

de culturas da ocupação dos espaços

 

 

O que não pode faltar 

Quando o assunto são os itens essenciais para garantir uma boa mobilidade urbana nos pequenos centros populacionais, a lista é grande e, até, um pouco conhecida. Porém, Hirata ressalta que o primeiro passo – e mais importante – é a mudança de postura das pessoas. “Tudo começa por um processo de educação cidadã para o bom convívio da vida em comunidade. As pessoas precisam entender que não é o espaço dele, mas a cidade é um espaço coletivo. É preciso respeitar o outro para também ser respeitado em seu espaço”, diz. 

O conhecimento e o respeito às leis de trânsito são outros pontos importantes. Seguir o limite máximo permitido em uma via, por exemplo, pode salvar vidas, seja porque evita acidentes ou porque eles acabam sendo de menor gravidade quando acontecem. 

Mas, é claro que os resultados não dependem somente das pessoas, é preciso também ter investimento do poder público para garantir uma infraestrutura de qualidade na mobilidade urbana. Nesse caso, o planejamento urbano é uma fase essencial, que deve receber atenção especial das prefeituras, com um departamento bem equipado e qualificado. Colocar obstáculos na pista para evitar que os carros ultrapassem o limite de velocidade permitida da via, é outro ponto levantado por Hirata. 

Outra mudança de comportamento necessária apontada pelo especialista é em relação ao tipo do meio de transporte. Apesar do incentivo pelo uso do veículo individual, uma forma de melhorar a mobilidade urbana em qualquer lugar e ainda aliviar os impactos causados no meio ambiente por causa da queima de combustível é o uso dos meios de transportes coletivos ou não motorizados, como a bicicleta. 

 

 

É preciso investimento do poder público para uma

 infraestrutura de qualidade na mobilidade urbana

 

 

"As cidades estão projetadas para os carros e, infelizmente, o conforto da aquisição do veículo cria uma demanda contrária de você adotar o uso do transporte coletivo com mais propriedade", comenta Hirata. Nesse caso, o incentivo por meio do poder público torna-se essencial. Garantir corredores exclusivos de ônibus e a delimitação de espaço das ciclovias é uma atitude já sem volta e que começou a integrar com mais naturalidade as políticas de planejamento urbano. 

Porém, é preciso levar em consideração também a topografia da cidade. Locais mais planos, com menos subidas e descidas íngremes acabam sendo mais atrativos para o uso da bicicleta, por exemplo.

Desta forma, fica evidente que o planejamento urbano não pode ser ignorado em qualquer tipo de cidade. Para crescer, se desenvolver, ofertar qualidade de vida, todos os espaços precisam ser pensados de uma maneira completa. “Planejamento urbano não é pensar só nas estruturas, mas também na economia, no comportamento social das pessoas em relação a isso, são questões profundas e complexas. Mais do que regras, a exigência é de mudança de comportamentos, de culturas da ocupação dos espaços. São atitudes que não têm mais volta, são necessárias”, finaliza Hirata. 

 

Você conhece o LabTrans?

O Laboratório de Transporte e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina (LabTrans/UFSC) tem equipes interdisciplinares que produzem conhecimento científico na área de transporte e logística. Também atua com atividades de extensão, levando para a comunidade a aplicação dos conhecimentos técnicos e gerando qualidade de vida. 

Criado em 1998, o LabTrans é um bom exemplo de espaço que pensa a mobilidade urbana de maneira completa e aponta caminhos mais sustentáveis para o desenvolvimento dessa área. Um serviço acessível a todos graças a universidade pública, gratuita e de qualidade.


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