A ponte velha
A estrada de ferro teve importância decisiva no abastecimento e no escoamento da produção dos colonizadores da nossa região, mas a travessia de mercadorias, animais e pessoas entre Joaçaba e Herval d’Oeste era feita por balsa. Em 1930, por ordem do presidente Dr. Washington Luiz, foi construída sobre o Rio do Peixe a grande propulsora do progresso em toda a região Oeste de Santa Catarina: a ponte Emílio Baumgart.
De acordo com o pesquisador Marckson Kielek, o marco inicial da ponte velha aconteceu no ano de 1926, quando passava pela estação ferroviária de Herval o então presidente Washington Luís. A convite de autoridades, agricultores e produtores ele participou de um almoço para tratar de interesses da Comunidade e mandou construir uma ponte sobre o rio do Peixe, ligando Herval d’Oeste a Joaçaba.
A ponte foi construída de modo inovador: o engenheiro blumenauense Emílio Baumgart, neto de Emil Odebrecht, decidiu aplicar o concreto armado mediante processo usado em construção de treliças metálicas, acrescentando trechos em balanços sucessivos, suportados pelas partes anteriormente instaladas e as barras de aço foram emendadas por meio de luvas rosqueadas.
Foi utilizado o processo Cantilever, algo inovador para a época. Após a construção dos quatro pilares, foi colocada na altura do eixo uma rótula dentro da viga, suportada pelos pilares em forquilhas, assegurando livre rotação da viga, formando um quadro hiperestático.
A construção acontecia simultaneamente nos dois lados até acontecer o encontro no meio do rio, alcançando um total de 117,70 metros de uma ponta a outra, com 68 m de vão. Era a maior ponte do mundo em viga reta de concreto armado - sem andaime, sem escoramentos apoiados no terreno e sem cabo protendido. Centenas de trabalhadores vieram de várias partes do país para trabalhar na obra, inaugurada a 24 de outubro de 1930, apenas um ano após o início dos trabalhos.
A velha “Ponte do Herval” resistiu bravamente a grandes cheias em 1939, depois nos anos 50, 60 e 70, porém foi destruída com a violência da enchente de julho de 1983, quando as águas subiram quatorze metros acima do nível normal. Diversos vagões do terminal ferroviário de Herval D’Oeste foram arrastados pela força devastadora das águas.
Na região e no estado diversos municípios foram atingidos pela enchente, que destruiu casas, lojas e indústrias, estradas e lavouras, deixando centenas de pessoas ao desabrigo. A cidade paulista de Jales se transformou em “Cidade Solidária” e “adotou” nossas duas cidades, mandando roupas e mantimentos para as vítimas.
As rádios locais comprovaram sua grande utilidade, orientando e prestando inestimável serviço público: na Líder, Carlos Henrique Roncalio e Romeu Kovalenski; na Catarinense, os irmãos Ademar e Ademir Belotto realizaram um grande serviço, enquanto havia energia elétrica.
Com a queda da ponte os únicos meios de comunicação eram o rádio amador e a faixa do cidadão do PX Clube pois, como os cabos passavam na lateral da ponte, a telefonia e a energia elétrica foram desativadas.
Da ponte velha restaram escombros e parte das ruínas estão às margens do rio do Peixe, sob a passarela de pedestres que a substituiu.
Restou uma réplica, uma maquete feita pelo Dr. Iran Domingues Pizolatti Alves, e ficaram as saudades da ponte e de seu parapeito estreito onde, na calada da noite, valentes e atrevidos moleques faziam corridas a pé e de bicicleta.
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