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Meus cumprimentos ao chef


“Comer, comer, comer, comer é o melhor para poder crescer”, dizia o cântico antigo que aprendemos na escola e que era reforçado em casa por nossos pais quando desejavam que experimentássemos brócolis. Há tempos a culinária deixou de ser apenas sobre comida e passou a ser também sobre consumo consciente, fonte de renda e arte. A comida pode ser vista de formas diferentes e pode ter diversas aplicações dependendo do lugar do mundo onde você estiver, mas uma coisa é fato o alimento precisa ser tratado com respeito. 

Comer é uma necessidade básica do ser humano. É uma atividade fundamental para levar nutrientes a cada partezinha do corpo e manter ele e mente funcionando de forma harmonioza para terem energia, serem produtivos e funcionais durante o nosso dia. Com a popularização de programas de televisão voltados à culinária e a revelar ou desenvolver Chefs de Cozinha a comida de diversos países e diferentes pratos tomaram o gosto popular. Dessa forma mais pessoas passaram e se interessar pelo assunto e desenvolver suas habilidades na cozinha, experimentando receitas novas e perambulando por diversos estilos. Se você é um acompanhante do Masterchef Brasil deve ter celebrado, ou chorado com cada um dos participantes e aprendido com as valiosas dicas de Paola Carosella, Henrique Fogaça e Erick Jacquin, nem que fosse aprender que toda comida precisa de “sal, tômpero e cocância” (saudades Jacquin).

Com o passar dos anos e tendo acesso a todo tipo de informação, receitas e ingredientes, aprendemos a nos relacionar com a comida de uma forma mais respeitosa e atendendo às nossas necessidades básicas. Hoje existem diversas opções de comida que atendem a públicos bem específicos. Se você é vegano encontra opções que se encaixem nas suas escolhas e estilo de vida, se você é alérgico a algum alimento ou intolerante, como é o caso dos intolerantes a lactose e celíacos, você também consegue achar produtos que vão de encontro com suas limitações e façam bem a sua saúde de maneira geral. 

A culinária engloba cozinhar e confeccionar alimentos de todos os estilos. Ela foi evoluindo de acordo com a história da humanidade e possui características diversas dependendo da cultura onde está inserida. Ela nada mais é do que uma expressão cultural que reflete os costumes, hábitos, crenças e desenvolvimento econômico de cada povo, nessa questão os utensílios e técnicas utilizadas também fazem parte desse acervo pessoal. Nós passamos por mudanças sociais bruscas quando se trata de comida. No início da humanidade antes da descoberta do fogo pelo homo erectus a comida era composta por vegetais colhidos nas florestas e animais caçados e dessa forma eram consumidos crus. Depois da descoberta do fogo os alimentos passaram a ser consumidos cozidos e assim descobriu-se a agricultura e pecuária. Passamos desse processo inicial de descoberta a outras descobertas mais elaboradas e necessárias. Com a mudança comportamental humana, com a expansão da industrialização e as pessoas trabalhando longe de casa surgiram os fast foods. Com esses novos hábitos alimentarem e mudança de comportamento e pensamento do consumidor também surgiram novas regras e leis para regulamentar produção e venda de alimentos, prezando pela saúde de quem consome e cuidado com meio ambiente e animais. 

A expansão da culinária, a criação de novos pratos e a inserção da cultura de todos os países na forma de fazer comida fez surgir chefes de cozinha renomados em todas as áreas, técnicas diferentes, minuciosas e muita arte na cozinha. Ao longo dos anos a dólmã passou a ser sinônimo de sofisticação e altos investimentos. Criou-se uma teoria de que boa comida só seria feita por Chefes renomados, que só cozinham para pessoas ricas. Desmistificou-se essa teoria quando percebemos que é possível comer bem no restaurante do seu bairro. Que comida boa precisa, além de matar a fome, respeitar o meio ambiente, atender todos os públicos e trazer boas memórias e expressividade. 

A culinária é uma fonte de renda desde que nos conhecemos por gente. Não importa se você tem um grande e conhecido restaurante e se formou em gastronomia em uma universidade renomada ou se você faz trufas  e bolos de pote para vender no seu dia a dia. Se você trabalha com comida, é importante saber como se tornar uma referência no assunto. Você precisa saber como tornar o seu produto tão bom que quando as pessoas pensam em determinado prato vão pensar em você e no seu negócio. 

Antes de fazer as pessoas conhecerem a sua comida, faça com que elas conheçam você. Que elas saibam quem é você, de onde você veio, qual sua formação (independente se for superior ou se tiver apenas alguns cursos), onde começou essa relação de amor com a culinária e porque elas devem lhe dar esse voto de confiança. É mais fácil fazer com que alguém sinta vontade de provar alguma comida se sabe de onde ela vem e por quem está sendo feita. Isso cria uma relação de amizade e confiança com o seu cliente. Portanto, seja transparente.

A qualidade e a limpeza de ambientes quando se trabalha com comida não são diferenciais, são uma necessidade. Leve isso como ensinamento para a sua vida. Ofereça aos seus clientes a cada prato servido uma nova experiência e desperte novas sensações. Crie canais para se conectar com as pessoas através da sua culinária e esteja disposto a ouvir os feedbacks.

Aposte nos meios de divulgação e trate os meios de comunicação como seus melhores amigos. Esses meios podem chegar a pessoas  e lugares que você nem imagina e assim despertar a curiosidade e trazer novos clientes. Mantenha uma relação de interação e amizade com seus clientes através desses meios, isso lhe colocará como um empreendedor que valoriza os seus clientes de diferentes formas, gerando assim a fidelização. Mantenha sua boa reputação entre todos os clientes e quando houver algum problema, busque resolver de uma maneira amigável e responsável afim de fidelizar esse cliente apesar do deslize que possa ter acontecido. Seja solícito, educado e atencioso, isso faz a diferença e gera feedbacks positivos.

Fique atento a todos os detalhes e promova ações que façam o cliente sentir-se único. Muitas vezes o nome da pessoa escrito de maneira correta e com uma mensagem carinhosa no pacote de entregas pode te colocar um ponto acima dos seus concorrentes que vendem os mesmos produtos. Isso faz com que as pessoas coloquem você e a sua empresa como alguém que valoriza o cliente e o trata de forma diferenciada.

Faça planejamentos e esteja atento às suas finanças antes de fazer qualquer investimento. Antes de comprar uma máquina importada, construir um lugar maior e contratar mais pessoal verifique se isso cabe no seu orçamento ou se é necessário esperar mais um pouco para fazer o investimento de forma correta. Você precisa que seu dinheiro seja gasto com maquinário, espaço ou pessoal que vá lhe gerar lucro e trazer resultados, gerando assim um investimento e não um gasto. Não meta os pés pelas mãos faça escolhas conscientes.

Invista em cursos de formação e produtos de qualidade. Não importa qual produto você vende, se você tiver cursos de especialização na área além de você ter uma nova visão de negócio e oferecer um produto mais bem elaborado para o seu consumidor final isso gera uma maior confiabilidade em você e no seu produto. Se você vende salgados por exemplo, é indicado que trabalhe com uma matéria prima de qualidade e ofereça um produto com um bom acabamento, para que isso reforce a sua boa reputação entre seus clientes, o colocando um passo à frente de seus concorrentes e sendo visto como alguém que oferece um bom trabalho.

Para prospectar nesse universo além de fazer investimentos precisos, é preciso tratar a comida com respeito e fazer dela uma forma de arte. Você precisa oferecer diferenciais se quiser prosperar. Desconstruir alimentos e dar a eles uma aparência inédita e apresentar o produto como uma performance promove ao cliente uma experiência que envolve todos os seus sentidos estimulando a criatividades. Dessa forma a arte e a gastronomia andam de mãos dadas. Como citamos anteriormente, gerando uma experiência positiva ao seu cliente, você torna-se sinônimo quando ele pensa naquele prato. 

Esse debate sobre culinária não só como fonte de renda, mas como obra de arte, abre outros debates importantes sobre o consumo consciente e formas de evitar o desperdício. O consumo consciente vai muito além de apenas reaproveitar partes de uma fruta ou carne que iriam para o lixo porque não são partes complementares na composição daquele prato específico gerando assim uma maior produção de lixo descartado no nosso planeta. Ela vai desde a verificação do produtor de quem você compra suas verduras, frutas e vegetais e a forma como ele produz esses alimentos, ou seja que tipo de produtos ele utiliza no plantio, quais são os seus processos e com que respeito  e responsabilidade ele trata o meio ambiente (solo, ar, água), assim como verificar de onde vem as carnes que utiliza, quais os processos tanto do produtor, quanto do frigorífico e transporte. Isso vai além do tratamento do animal, a forma de abate, a alimentação, entre outras questões. Leve como um ensinamento de vida o reaproveitamento. Uma fruta não é só sua polpa, ela é composta de folhas, cabo, casca, sementes. Analise métodos culinários que abrangem toda composição dela e que gerem um reaproveitamento muito maior. Mude seu pensamento e comportamento. A cozinha/culinária, também pode e deve agir de maneira sustentável, afim de colaborar com o bom desenvolvimento do nosso ecossistema e prezando pela preservação dos recursos naturais do nosso planeta. 

A culinária é abrangente e inclusiva. Ela é fonte de renda. Ela é arte. Ela é sustentabilidade e consumo consciente. É memória afetiva. É sonhar. É integração e união. A alma de toda a casa é a cozinha. A minha família de origem italiana, por exemplo, sempre bate um papo na cozinha enquanto prepara a comida nos almoços de domingo ou datas comemorativas. Não importa o tamanho que a cozinha tenha, sempre estão todos lá.  Quando entro em algum local e sinto o aroma de carne sendo cozida em molho de tomate, com tempero de salsinha e cebolinha e vejo algumas batatas sendo cozidas em uma grande panela no fogão de lenha, lembro de ajudar a minha nonna a fazer nhoque. Amassar as batatas, fazer a mistura com ovos, farinha e sal e cortar em pequenos cubinhos. Cozinhar na água fervente e comer com um delicioso molho a seu gosto, com uma quantidade generosa de queijo ralado em cima. Essas memórias fazem meu coração sorrir. Descobri ao longo do anos o quanto é difícil reproduzir uma comida que carrega consigo uma porção de memórias afetivas, aquelas memórias que dão um calorzinho no coração e trazem boas doses de sorrisos e muita saudade. Pensando nisso conseguimos comprovar uma coisa que já sabíamos, a culinária não é só sobre comer.


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