Um olhar ao passado - Edinna Figueiredo
De onde vem? Se essa pergunta não acompanhou a sua vida no Meio Oeste, certamente foi uma variação dela. Saber “de que gente você é” constituiu um dos elementos fundantes da cultura já que fala sobre a complexa formação da população catarinense. Debruçada sobre este tema, a autora Edinna Figueiredo buscou as origens das famílias que compõem a atual Região Serrana de Santa Catarina.
Por que você buscou essas origens?
As pesquisas sobre os primeiros moradores da região serrana de Santa Catarina começaram em 2007. Durante minha vida profissional, trabalhei em diversos municípios do Oeste, cuja colonização é bem mais recente do que a Serrana. Nesses lugares, as pessoas cultivavam muito as tradições e mantém viva a memória dos antepassados. Não era raro que me perguntassem sobre meus ancestrais. Assim, de uma tímida vontade de descobrir minhas raízes familiares nasceu a obra “Raízes Centenárias de São Joaquim da Costa da Serra” que traz ao conhecimento um resgate sobre quase todas as famílias da região Serrana (quem foram, quando vieram, de onde vieram). É interessante perceber que a maioria deles imigrou da Península Ibérica na metade do século XVIII.
Você imaginava que o trabalho teria essa dimensão?
A princípio não. Comecei pesquisando nos livros da Paróquia e do Cartório de São Joaquim (registros a partir de 1890). Depois passei a pesquisar na Diocese de Lages, com registros a partir de 1769 e então minhas pesquisas chegaram até Santo Antônio dos Anjos da Laguna, Nossa Senhora da Piedade de Tubarão, Imaruí, Nossa Senhora do Desterro, São José da Terra Firme, Enseada de Brito, Santo Amaro do Cubatão, São Pedro de Alcântara, etc. Alguns registros foram encontrados no Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, de onde vem parte dos povoadores da vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lages, o quanto povoado mais antigo do estado e o primeiro no interior, fundado pela Capitania de São Paulo. O povoado mais antigo de Santa Catarina é São Francisco do Sul, seguido por Nossa Senhora do Desterro e Santo Antônio dos Anjos da Laguna. Ao todo, a obra identificou mais de 180 famílias.
Como Santa Catarina preserva a sua memória?
Nosso estado é riquíssimo em diversidade cultural, mas o que está faltando ainda são políticas públicas voltadas para este setor. O patrimônio cultural de cada comunidade deve ser preservando, por isso, as comunidades precisam se organizar para preservar sua identidade e garantir o respeito à cultura e à memória. A cultura catarinense é repleta de influências trazidas pelos imigrantes de diversas etnias que se instalaram em todas as regiões do estado. Talvez essa seja a grande virtude de Raízes Centenárias de São Joaquim da Costa da Serra: conectar o imaginário das pessoas com a sua origem no sentido étnico e a origem do sobrenome.
Você tem planos para lançar novas obras?
Provavelmente farei uma segunda edição revisada e atualizada de Raízes Centenárias de São Joaquim da Costa da Serra, mas não tenho data definida.
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