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Negócios em série


Com os olhos presos a uma tela, eu aposto que você nem piscou todas as vezes que o Professor fazia exigências a Inspetora Murillo. E tenha certeza que você aprendeu a cantar Bella Ciao, de trás para a frente, sem nem talvez ter entendido que é uma música sobre ser um membro da resistência. La Casa de Papel fez sucesso e talvez você não tenha percebido, mas a série é um modelo perfeito de negócio. Ela demonstra bem como uma empresa pode fracassar (e muito) se o plano inicial e que a levará ao sucesso futuro não for seguido a risca.

 

Una mattina mi son’ svegliato/oh bella ciao, bella ciao, ciao, ciao/ Una mattina mi son’ svegliato e ho travato l’invasor”. Entre os sussurros dessa música, os barulhos de tiro, a histeria e o charme do professor, se você parar e prestar atenção “La Casa de Papel”, a série espanhola que virou febre entre os amantes de boas histórias e da nossa queridinha Netflix, foi uma escola sobre negócios.

O mundo do negócio é um grande desafio para os administradores de empresas. Ao entrar nesse ramo além de ter uma boa base administrativa e ser um empreendedor nato, é preciso ter bases sólidas sobre o assunto. Claro, que seria pretensão comparar um seriado que fala sobre um assalto a um livro renomado como: “A arte da Guerra”, por exemplo. Porém podemos aprender muitas coisas com “La Casa de Papel”, desde o que fazer para que os objetivos sejam concretizados, até como podemos fracassar se nossos objetivos se perderem em meio a ganância ou descontrole emocional.

Tenho certeza que se você acompanhou a série do início ao fim, ficou impressionado com a inteligência e perspicácia da Inspetora Raquel Murillo, mas a inteligência e audácia de Sergio Marquina, nosso querido professor foram além do imaginável. Além de elaborar um plano ambicioso para roubar a Casa da Moeda da Espanha recrutando oito criminosos muito diferentes, ele ainda foi capaz de enganar a polícia e ser mestre na arte da negociação. Porém, voltando ao nosso assunto central, vamos analisar o que nós, meros mortais, pudemos aprender com a série.

Para que todo negócio seja bem sucedido o primeiro passo é ter um forte propósito, uma grande motivação. No caso de “La Casa de Papel”, o professor Sergio Marquina “vendeu” a seus comparsas que o assalto seria alto tão grandioso que poderia ser o último da vida deles, alegando que como produziriam o dinheiro não estariam roubando ninguém. Logicamente que nesta questão a ética fica em contradição por se tratar de um assalto. Porém fica claro o quanto ter um propósito, pautado em princípios e valores as pessoas fazem parte do projeto, fazendo com que sintam-se parte do todo, faz com que o negócio se solidifique. O mesmo acontece com as empresas, ou seja, os propósitos e valores são iguais a alcançar o sucesso. O próximo passo depois disso é elaborar um bom planejamento, ou seja, é importante traçar objetivos e pensar bem em todo o caminho, elaborando um passo a passo que precisa ser percorrido para alcançá-los.

Dentro do planejamento outro ponto importante é a antecipação. Quando todas as ações e suas consequências são estudadas, desenvolve-se um fluxo de trabalho de modo que existam soluções até para os imprevistos (já identificados), resultando em uma melhor preparação. No caso de “La Casa de Papel”, os assaltantes foram tão cautelosos, que estavam sempre à frente da polícia, mesmo que alguns imprevistos tenham acontecido durante o percurso.

É necessário que você tenha uma equipe complementar, com características e capacitações diferentes para realizar um bom trabalho, focando nas principais habilidades de cada um para alcançar o sucesso. Na série, por exemplo, além do professor ser o responsável por todo o plano, ele possuía, em sua equipe de criminosos, especialistas em cada área: um hacker, uma falsificadora de dinheiro, um especialista em túneis e escavação e assim por diante. Após você recrutar uma equipe complementar é preciso treiná-la e prepará-la para cada detalhe das ações a serem executadas. É necessário estudar tudo o que envolva o plano a ser seguido. A divisão de responsabilidades e tarefas, também é um ponto chave, quando cada um sabe o seu cargo e função que precisa executa, fica mais fácil alcançar o êxito. Na série cada assaltante sabia o que deveria fazer, os reféns formam envolvidos no processo de execução do plano, assim as escalas de trabalhos, procedimentos e afins, puderam ser bem executados, otimizando tempo e espaço.  

Claro que ter uma equipe de trabalho complementar e unida, faz toda a diferença, mas isso não é possível sem um bom líder. É papel do líder saber trabalhar com diferentes perfis e compreender os funcionários como um todo, como pessoas, ou seja, precisa entender que cada um possui diferentes personalidade, costumes, realidades e que pertencem a diferentes gerações. Pode parecer trabalhoso, mas nesse processo o líder consegue conquistar a confiança de todos através de seu conhecimento, inteligência e poder de influência. Outro papel importante do líder é ter jogo de cintura para manter os comandos no caminho certo e não deixá-los se vislumbrarem, para que assim os objetivos sejam alcançados e o crescimento seja gradativo. Como já foi citado anteriormente é papel do líder treinar seus recrutas, pois um bom treinamento faz uma boa diferença na execução de um plano. Em um ambiente organizacional as pessoas devem ser treinadas para saberem o que fazer em cada processo e assim devem revisar os seus objetivos até alcançar a perfeição na realização das tarefas.

É preciso lembrar que seres humanos não são máquinas e falhas são normais e devem ser tratadas como aprendizado. Em “La Casa de Papel” conforme o plano evoluía e os ânimos se exaltavam, falhas e erros forma cometidos. Vale ressaltar que uma falha não deve ser condenada e cabe aos gestores a orientação de corrigi-las de modo que os erros sejam cometidos cada vez menos.

Conhecer seus “inimigos” no caso seus concorrentes é uma premissa importante no mundo dos negócios. Assim saberá o que eles fazem e como se elaboram diferenciais para encantar e atender o seu público-alvo. O professor conhecia todos os funcionários da casa da moeda e buscou aproximar-se da polícia, especialmente da pessoa com quem estava negociando, compreendendo o que se passava na cabeça deles e conseguindo planejar seus próximos passos e elaborar estratégias de negociação.

O que aprendemos sobre liderança com o protagonista, foi que ele soube formar e liderar uma equipe adversa, compreendendo as particularidades de cada um e aprendendo a como lidar com eles, o professor não apostou em um perfil único, porque sabia que não obteria sucesso se o fizesse. Aqui fica claro que é papel do gestor saber escolher e lidar com diferentes perfis de pessoas. O gestor precisa também ter uma grande capacidade de planejar ações e de ler possíveis cenários, para estar preparado para as adversidades. Dentro de uma empresa um ditado que não funciona é o: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.  O professor por exemplo, pecou em um ponto principal, cobrou de todos que não se envolvessem emocionalmente, principalmente na questão amorosa e o mesmo não cumpriu tal combinado, quando se aproximou de Raquel Murillo e deixou-se apaixonar. O gestor é a cara da empresa e o espelho de seus funcionários, como ele age e o que faz, diz muito sobre o respeito e credibilidade que receberá, tanto de seus colaboradores, quanto do mercado.

Outra coisa que ficou muito clara é que preparação e o sangue frio são importantíssimos na hora da negociação, todos os aspectos precisam ser analisados, para que bons negócios sejam fechados e todas as partes envolvidas ganhem.

Levando tudo isso em consideração, se você gosta de boas histórias que envolvem ação, amor e ambição, além de ter ânsia de aprender sobre negócios, “La Casa de Papel”, pode ser uma grande surpresa.


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