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A ISO na inovação


Com certeza você já ouviu falar da ISO. Talvez ainda tenha calafrios apenas por ouvir esse nome, ou talvez encare os processos de normatização com mais naturalidade por ter visto os benefícios que trazem para a empresa. Muito conhecida pela normatização da gestão da qualidade (9.000) e da gestão ambiental (14.000), a ISO passa a apontar para mais um horizonte: a gestão da inovação. Prepare-se para implantar a ISO 56.000.

Provavelmente a ISO é a última coisa que você pensa quando o assunto é inovação. Com início oficial em 1947, a Organização Internacional de Padronização presente em 161 países em busca de facilitar a coordenação internacional e a unificação dos padrões industriais. Em evolução desde a abordagem científica da gestão da qualidade, as ISO buscam se atualizar constantemente e agregar novas famílias de normas capazes de melhorar processos e controles em diversos setores em todos os tamanhos de empresas. A mudança da vez veio com a ISO 56.000, que prevê uma mudança na gestão da inovação.

Enquanto empresas de todos os portes e segmentos tentam repensar seus produtos e serviços ou seus modelos de negócios para continuar em uma posição competitiva no mercado, a norma vem para apontar caminhos e permitir que o processo de inovação gere valor - caso contrário, seguiria sendo apenas uma ideia. A nova norma resulta de 10 anos de estudos e pode ser aplicada em qualquer empresa, de qualquer porte e em qualquer segmento. Em outras palavras, é bem democrática. Além disso, estimula o nascimento de novos produtos ou até mesmo a criação de novos mercados a partir do gerenciamento de insights para permitir a entrada em novos mercados com maior valor agregado.

 

DIFICULDADES PARA INOVAR

Problemas ligados à falta de gestão e planejamento dominam os fracassos na hora de implantar soluções inovadoras. Muito mais do que o aspecto financeiro, a falência desse tipo de projeto tem mais fundamento ao se deparar com a falta de uma liderança visionária, em que não encontra na equipe uma pessoa capaz de coordenar a prática. Isso pode acontecer por falta de pessoal capacitado ou também porque a cultura empresarial não permite a atuação desse tipo de líder.

Outro obstáculo é a dificuldade de estabelecer metas e mensurar resultados. Processos pouco estruturados, sem KPIs claros (indicadores-chave de desempenho), impossibilitam a análise. Ao mesmo tempo, é fundamental conseguir calcular o ROI de inovação. Mas tudo isso só será revertido se a empresa contar com uma equipe realmente engajada com a mudança. Não é uma má ideia criar um conselho de inovação para auxiliar a aplicação e continuidade da gestão da inovação, assim não é necessário contratar mais pessoas responsáveis apenas por fazer esse acompanhamento.

 

OS 8 PILARES 

Por entender que a inovação pode ocorrer em um produto, serviço, processo, modelo, método ou qualquer combinação destes objetos, a ISO apresenta o conceito de inovação caracterizado por novidade e valor com base em pilares como abordagem de processos, liderança com foco no futuro, gestão de insights, direção estratégica, resiliência e adaptabilidade, realização de valor, cultura adaptativa e gestão das incertezas. 

Se você já tem alguma experiência com modelos de gestão, não vai estranhar nenhum deles. As lideranças de uma organização precisam se voltar à inovação para conseguir direcionar as pessoas e criar situações que viabilizam o futuro emergente. Uma liderança que não for visionária e inspiradora dificilmente conseguirá gerir adequadamente a inovação. Da mesma forma, resiliência e adaptabilidade são exigências para todos os profissionais por permitir indicar as demandas do mercado, olhar tendências e oportunidades.

O que esses pilares prevêem é a criação de um ambiente favorável à criatividade e inovação. Assim, a organização entende que nenhuma ideia morre antes de ser experimentada de forma que todas as vezes que um colaborador ou um consumidor apresentam um insight de melhoria de processos, produtos ou serviços, a ideia é testada e implementada. Em contrapartida, é lógico que a implementação caminha de mãos dadas com a gestão de riscos e é exatamente por isso que a ISO 56.002 tem integração com outras normas como a ISO 9001 e ISO 14001, para prever a perigos, ameaças, oportunidades e vulnerabilidades.

 

COMO IR A PRÁTICA?

O caminho da implementação nunca é simples. Muitos empreendedores se frustram por não conseguir tirar as ideias dos post-its e colocar na prática porque lhes falta a criação real de um ecossistema de inovação. De acordo com alguns materiais produzidos por Alexandre Pierro, fundador da PALAS, consultoria pioneira na implementação da ISO 56.002, a ISO ainda não divulgou um número oficial de certificações no mundo, embora seja possível aferir que a quantidade se aproxima de 70 empresas no mundo. 

Uma das maiores dificuldades encontradas pelas empresas para implementar a inovação de fato era a perda de tempo na tentativa de implementar técnicas como o Canvas, Design Thinking e Scrum, que podem ser ótimos facilitadores, quando vão para a prática de fato. Esse caminho da teoria até a prática não é assim tão simples na maioria das organizações e nem todas possuem recursos o suficiente para investir em capacitações para implantação. Outras também não encontram espaço para isso dentro da sua cultura – normalmente são empresas com uma cultura mais tradicional e fechada. Por mais que invistam em capacitações, algumas têm a sensação de que os resultados cumprem uma função de engajar, empolgar, mas sem promover nada duradouro.

A criação de uma cultura realmente voltara para a inovação é justamente a proposta dessa nova ISO. O primeiro passo é fazer um diagnóstico da empresa para identificar sua aderência aos oito pilares e seu nível de maturidade com a inovação, do qual dependerá a duração da implementação. Via de regra, ela deve durar de seis a oito meses e pode ser realizada na empresa toda, em um único departamento, em várias unidades ao mesmo tempo e até mesmo em países diferentes.

Na gestão de riscos, a empresa vai considerar as ameaças e avaliar seu contexto, seu direcionamento estratégico, situação atual e planos para o futuro. É aqui que a cultura da inovação começa a nascer. E depois de estudar bastante é que a equipe vai começar a gerir seus próprios insights inovadores, baseando-se em processos definidos para auxiliar a gestão. 

A norma entende que não há um método único que deve ser aplicado em todas as empresas, ao contrário, aponta caminhos para que cada organização crie a sua maneira de ver, implantar e rentabilizar a inovação. Isso significa que a implementação tende a ser muito mais subjetiva e complexa do que as demais normas com requisitos. Sem um check-list, as ações precisam ser testadas para identificar os gaps e garantir o comprometimento durante a implementação e depois da certificação para conseguir colher bons frutos.

 


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