Eventos literários e suas peculiaridades
Para mercado de eventos não é de praxe dizer que precisamos nos reinventar para garantir uma produção de sucesso e para atingir um público considerável. Não é diferente quando falamos do mercado de eventos literários que, mesmo com a situação das editoras nos últimos anos, não deixaram de se produzir e tiveram que usar desse princípio dos eventos para se sustentar. Com a crise das grandes redes de livrarias, editoras precisaram reinventar sua forma de venda e leitores de todos os cantos do país também acabaram mudando alguns hábitos.
A produção de encontros literários, sessão de autógrafos, clubes de leitura (CL), ocorreu de diferentes formas nas diversas localidades de nosso país, mas destaco aqui a situação do estado em que resido, Rio Grande do Norte, em que a baixa das vendas nas livrarias físicas influenciou drasticamente a realização de eventos desse tipo. Era comum termos clubes de leitura com frequência até 2017, porém a partir desse ano poucos encontros foram realizados, por diversos motivos, além a relação disso com as editoras/livrarias.
Pensando nessa situação, realizei um questionário com alguns colegas de CL, tanto com quem participava quanto com quem realizava, e notei alguns pontos que dificultaram a realização/participação desses eventos, que servem para refletir sobre outros tipos de evento também.
Data: A escolha do dia do evento é algo crucial se pensamos em uma meta de público alcançável e era/é um dos principais problemas desse tipo de evento, pois, como era sempre realizado nos fins de semana, concorria diversas vezes com outras festividades, com provas/concursos etc. Por isso é um dos primeiros pontos a se pensar ao criar um evento.
Divulgação: Não era incomum saber de um encontro literário faltando apenas um dia do evento e não é incomum que essa tenha sido uma das maiores reclamações nas respostas do questionário. Para quem participa, é de extrema importância que a divulgação do evento seja feita com antecedência, para que o público possa se organizar, organizar a agenda para ir. Do lado de quem realiza também. Como boa parte dos eventos eram as editoras que criavam, a data chegava a produção na semana do encontro. Não ajudava muito, não é?
Patrocínio: Em todos os CL costumavamos entregar brindes aos participantes e, às vezes, sortear livros. Algumas vezes as editoras mandavam o material, a nosso pedido ou partindo deles mesmo, ou os próprios produtores tiravam do bolso para o evento manter essa rotina. Um dos pontos que cativam as pessoas nos eventos é ela sair com alguma lembrança e na falta desse patrocínio muitos dos encontros que foram realizados não tiveram esses brindes, o que afastou alguns participantes. Parece uma coisa simples, mas que atrai e muito o público e precisa de apoio, muitas vezes, para que seja realizado. Afinal, a maioria desses eventos não são pagos.
Inovação: Em meio a todos esses pontos, podemos pensar no que atrai ainda mais: criatividade. Foi um dos pontos também mais falados no questionário e não é surpreendente que tenha sido. Normalmente eventos literários seguem um certo padrão e fugir dele requer, sim, muita inovação, assim como eventos acadêmicos que seguem um modelo, por exemplo. Para inovar nesse tipo de produção, é preciso sair um pouco desse padrão, formatar uma programação diferenciada, até a questão de mudança de local afeta. O que vale é ser criativo sempre.
Foram os quatro pontos mais abordados, há vários outros a serem analisados em um evento, mas esses, na minha perspectiva, podem fazer eventos desse tipo decolarem e serem explorados da forma que eles merecem.
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