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Para matar a sede da tradição


Ele faz parte de uma cultura e é marca registrada do sul do país. Talvez você tenha pensado no bom e velho churrasco, mas aqui estou falando do chimarrão. Uma cuia, erva-mate, bomba e água quente. Ele pode combinar com algum chazinho ou até mesmo um enfeite de cuia para criar um ar descontraído e dar um visual bonito. Mas antes de ser uma forma de tomar água ou de ter um leve descanso ao longo do dia de trabalho, o chimarrão tem o poder de integrar, de socializar e de unir, afinal ninguém é feliz tomando mate sozinho.

Os domingos de manhã trazem boas recordações. A família reunida. Ao fundo tocando em um rádio no canto uma música gaúcha. O cheiro de churrasco entrando na casa toda. As conversas altas e na mão a cuida de chimarrão, presente ao raiar do dia, até o entardecer. 

Meu nonno levanta cedo todas as manhãs e a primeira coisa que prepara antes do café, é seu chimarrão. Bebe chimarrão enquanto assiste ao noticiário e se prepara para mais um dia de trabalho árduo. Minhas tias reúnem-se aos domingos para conversar e tem por hábito criar uma rodinha de chimarrão, onde enquanto conversam compartilham o mate. Aqui no escritório ele serve como forma de beber água e dar uma pausa ao corpo e à cabeça quando precisamos descansar. 

O hábito de consumir o mate é muito antigo aqui no sul, ele vem de herança dos índios Guarani, que consumia a erva-mate e chamava de caiguá. Eles utilizavam a erva-mate para revigorar o organismo e como forma de manter a disposição para as atividades do dia a dia. Ao longo dos anos caboclos e imigrantes aderiram a esse hábito, preservando esse traço da cultura sulista. 

Ao longo das décadas o hábito de consumir o chimarrão, ganhou novos sentidos e passou a ser muito mais do que uma bebida revigorante. O consumo diário de chimarrão pelas pessoas principalmente das áreas rurais passou a ser também um sinônimo de hospitalidade e aproximação das pessoas, tornando-se uma importante ferramenta na construção de relações interpessoais. 

Os grupos humanos organizam-se de formas diferentes em suas vidas sociais e acolhem para dentro de seus grupos elementos do meio ambiente e culturas que façam sentido para aquele povo. Logo, confirmamos que tomar chimarrão é uma prática cultural dessa região, que mexe com o imaginário, pois faz parte das lembranças de cada indivíduo. Não se pode entrar em uma roda de chimarrão sem estar disposto a conversar, afinal essas rodas estimulam o contato entre as pessoas e promovem aproximação por meio da partilha da cuia de chimarrão e de experiências. Esses momentos estão relacionados ao respeito e admiração que se tem pelos demais integrantes da roda, compartilhando dificuldades, sucessos, conhecimentos, contando histórias sobre os mais diversos temas e fortalecendo os laços de união entre os membros de uma comunidade.

 

Larissa Lucian


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