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A gente se acostuma, mas não deveria


Você lembra quais eram seus sonhos quando criança? Lembra quais eram seus tesouros mais preciosos e o que você imaginava que era a felicidade? Talvez essa já seja uma realidade distante e você não se recorde onde foi que no meio dessa sua jornada, você se perdeu de todas as coisas que você sonhava. Talvez tenham te colocado dentro de uma caixinha que não te pertencia e você ficou receoso em desbravar o mundo e deixar as certezas e o conforto para trás. Já dizia o poeta: “a gente se acostuma...mas não deveria”. 

Quando eu era pequena viajava o Brasil com meu pai. Por conta disso eu achava caminhão o máximo e mesmo não entendendo  sobre eles eu queria muito dirigir um quando fosse “grande”. Lembro do dia que assisti a Fórmula Truck pela primeira vez e vi um lindo Volvo rosa pilotado por uma mulher. Fiquei eufórica. Meus olhos brilhavam e o sorriso não saia do rosto. Naquele dia decidi que queria ser piloto, enquanto estudava pra ser correspondente internacional da Rede Globo na Inglaterra. Os adultos riram de mim. Nesse dia eu constatei que os adultos são estraga prazeres e chatos. Não brincam de colorir, não gostam de banho de piscina e sempre dizem que doce dá dor de barriga. Pela chatice dos adultos e por me tornar uma adolescente medrosa eu deixei de lado o sonho de ser piloto. Talvez por isso aos vinte e cinco anos eu nem tenha carteira de motorista e tenha medo de pegar em um volante. Em algum lugar aqui dentro, acostumei com a ideia de que pegar em um volante e ter a sensação de liberdade não é para mim. 

Se você ainda não entendeu onde quero chegar com essa história, é porque talvez esteja preso no mesmo universo que eu. A vida inteira a gente é moldado para ser uma coisa em específico, independente das nossas vocações. Em geral as pessoas gostam de nos colocar em caixas tão apertadas e que fazem sentirmos tanto medo, que quando saímos delas para dar uma respirada, não sabemos nem quem somos. Por conta de toda uma vida traçada pelas pessoas que nos cercam, a gente se acostuma a abdicar dos nossos sonhos e acaba vivendo uma vida que o outro queria e que não nos faz feliz. A gente vive em modo automático e se adaptando ao que vier. A gente quer pegar sol, mas escolhe os apartamentos dos fundos. Quer encontrar mais as pessoas que ama, mas se entope de compromissos. A gente acaba vivendo uma vida de mentira, por medo de largar tudo e buscar nossa felicidade. 

As pessoas nunca vão te dizer o quanto você é corajoso e capaz. Toda vez que tentarem te colocar em uma caixa de sapato, quando você precisa de uma de geladeira, porque acham que aquele caminho seria o melhor para você, porque acreditam que o dinheiro anda junto com a estabilidade, ou que a fama anda junto com a alegria, aprenda a conversar e sabiamente dizer que não, você é dono das suas escolhas. Não deixe que riam dos seus sonhos e nem desacredite do que você pode fazer por si mesmo. Nada vai cair nas suas mãos, principalmente se você acostumar-se com a vida monótona que leva. Lembre-se: para quem não tem nada, metade é o dobro. Então pense no que você pode fazer se multiplicar um sonho. O mundo lá fora é grande e nunca é tarde para recomeçar.


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